Em Luanda, capital de Angola, amontoados de lixo continuam a ser vistos em muitas ruas da cidade. Com as chuvas, os cidadãos temem aumento no número de casos de paludismo.
No início deste mês, o governo da província de Luanda rescindiu contrato com duas empresas de recolha de lixo nas zonas periféricas de Cacuaco e Belas.
Isso ocorre numa altura em que cidade já regista chuvas miúdas e aumento dos amontoados de lixo nas ruas.
Lixo amontoa-se em vários locais de cidade de Luanda, trazendo perigo à saúde de muitos cidadãos.
Para o jornalista angolano Osvaldo Manuel, a situação pode levar ao aumento, cada vez maior, do lixo pela cidade.
“Vimos que Luanda é uma das províncias mais sujas do país e isso deveria envergonhar quem governa”, disse.
“Particularmente, porque todos nós em Luanda vivemos sobre o lixo – vivemos no lixo”, acrescentou Manuel.
Recolha de lixo é insuficiente
Em março, foram contratadas sete empresas para limpar a capital angolana, mas a recolha [de lixo] continua insuficiente.
Agora, com as chuvas miúdas que já caem sobre a cidade, doenças como o paludismo – principal causa de mortes em Angola – aumentam cada vez mais devido aos amontoados do lixo.
Isso porque as valas de drenagem são insuficientes e atraem os mosquitos que transmitem o paludismo.
Segundo o Programa Nacional de Luta contra a Malária, apenas de janeiro a março deste ano, mais de duas mil pessoas morreram vítimas desta enfermidade.
E os números podem aumentar, argumenta Osvaldo Manuel. “As chuvas virão agudizar cada vez mais a situação da saúde pública em Luanda”, explicou.
Sensibilizar cidadãos
Osvaldo Manuel pede, por isso, que Estado adote políticas de prevenção e sensibilização dos cidadãos. “Em outras partes do mundo, o lixo enriquece – é um negócio que gera muito dinheiro. [Aqui,] deveria ser aproveitado para biocombustível, bioenergia ou reciclagem de materiais, como garrafas”, disse.
Além das consequências para a saúde pública, a má gestão dos resíduos sólidos também causa graves danos ao ecossistema.
Para Leo Paxi, diretor-executivo da ONG Ação Florestal, uma organização que luta pela defesa do meio ambiente, o Governo deveria gerir adequadamente a separação do lixo, entre plásticos, metais e vidros.
Para isso, o ambientalista entende que é preciso criar mais políticas ambientais do Estado angolano – por exemplo, através da consciencialização de estudantes, nas escolas.