A incompetência crónica da TAAG

Luanda – A 1 de Novembro último, domingo, os passageiros com viagem marcada de Lubango para Luanda viveram a experiência horrível de perder o voo por incompetência da TAAG e, igualmente da própria autoridade sanitária destacada no aeroporto para proceder a testagens de Covid-19 aos passageiros e autorizar aqueles cujo estado serológico seja negativo.

Por volta das 12h59, cheguei ao aeroporto. Dirigi-me à secção de testagens de Covid-19, onde exibi o último teste que eu fizera na Clínica Sagrada Esperança, mas que, segundo o pessoal, não me qualificava para fazer o check-in, apesar da indicação clara em contrário. Então, e porque faltavam cerca de 2h30 para a viagem, foi-me dito que não havia necessidade de me preocupar, porquanto, os técnicos de saúde destacados estavam a proceder a testes sob patrocínio do Ministério da Saúde. Tudo parecia correr bem até que fomos todos surpreendidos pela informação de que já não havia testes, pelo que, teríamos de aguardar pela chegada dos testes. Então, passados cerca de 15 minutos, surgiu a informação de que afinal havia testes, mas em quantidade limitada.

A informação de que os testes estavam a caminho foi reiterada a todos nós. Basicamente, foi nos dito que o avião da TAAG, vindo de Luanda e com o qual viajaríamos, estava a trazer os respectivos testes e que, havendo certeza disso, não havia motivos de pânico por parte dos passageiros. O avião estava a trazer os testes, os quais seriam usados para concluir o processo de testagem nos outros passageiros em situação pendente. Ninguém seria deixado para trás, foi nos garantido. Os passageiros não testados foram cadastrados e solicitados a aguardar.

Todavia, por volta das 15h45, surgiu a informação de que não apenas o avião estava atrasado, o que era evidente, pois era para estar no Lubango antes das 14h30, segundo a informação oficial, como, igualmente, o avião que vinha, que supostamente substituíra o indicado inicialmente, não estava a trazer testes nenhuns. Em estado de pânico, a maioria dos passageiros entrou em desespero, sobretudo os não residentes no Lubango, os quais tinham estado alojados em hotéis e residenciais e não tinham recursos para prolongarem sua estadia na cidade.

Eu e mais 3 passageiros, informados de que podíamos fazer testes rápidos na Clínica Sagrada Esperança do Lubango, recorremos às pressas para lá, a par de outros, cerca de 20 (outros tantos simplesmente desistiram e abandonaram o aeroporto). A clínica informou a TAAG que era aconselhável aguardar até que todos os passageiros tivessem os testes, pois, nada indicava que levariam muito tempo e, ademais, não era da responsabilidade deles toda aquela situação de desorganização. Na clínica, fomos informados que o avião, que aterrara por volta das 16h30, levantaria voo para Luanda às 17h30. Felizmente, conseguimos os testes antes deste horário e rapidamente partimos para o aeroporto. O avião nem sequer estava na pista. Mas, para a nossa amarga surpresa, não só os funcionários não queriam fazer mais check-in como, com todo o despautério do mundo, o comandante do avião simplesmente não autorizou que os pouquíssimos passageiros que tinham os testes em mão tivessem acesso. Como é típico de das instituições públicas, os funcionários, tanto da TAAG quanto da ENANA, não davam nenhuma informação certa até que uma funcionária alertou o comandante, mais uma vez, que havia cerca de 4 passageiros que estavam em condições de ser admitidos no voo. Minutos depois, quase todos os funcionários desapareceram, e dezenas de passageiros perderam o voo, incluindo eu e outros 3, que tínhamos os testes.

Devo destacar no meio de tantos, o caso de duas cidadãs que, uma vez em Luanda, iriam para Portugal, e que, tendo perdido o voo, viam tudo desabar. Os funcionários da TAAG limitaram-se a mentir, como é hábito.

A TAAG, a companheira de bandeira de Angola, que tem destilado uma incompetência crónica, continua a pautar-se por uma conduta que frequentemente prejudica muitos passageiros que acabam obrigados a virar-se. Os danos morais e materiais têm sido enormes, especialmente na presente conjuntura de pandemia, em que os voos se limitam a uma frequência de 1 por semana.

A TAAG deve ser responsabilizada civil e criminalmente por não ter cumprido com os seus próprios horários, por ter deixado para trás dezenas de passageiros, os quais sofreram danos morais e físicos avaliados em milhões de kwanzas, isto sem contar com o estrangulamento das suas agendas.

Angola é um projecto falhado e a TAAG reflecte tal realidade trágica.

Para além de exigir a devolução do dinheiro do bilhete, vou processar tal empresa incompetente, que mais, uma vez, confirmou infelizmente que não é confiável.

Os passageiros merecem respeito.

 

Nuno Álvaro Dala

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