África: Analistas duvidam da advocacia do presidente guineense pelo fim de “sanções aos militares” junto da ONU

O Presidente da Guiné-Bissau discursa nesta quarta-feira, 22, na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, e à margem da reunião, Umaro Sissoco Embaló disse que vai abordar com o Comité de Sanções das Nações Unidas o levantamento das sanções impostas aos militares responsáveis pelo golpe de Estado de 2012. Umaro Sissoco Embaló anunciou encontro com Comissão de Sanções da ONU.

O pedido de Embaló surge semanas depois dos Estados Unidos terem emitido um mandado de captura internacional do general António Indjai, líder daquele golpe e que figura na lista dos sancionados.

Washington acusa Indjai de “crimes de narcoterrorismo”.

Entretanto, na altura, o Chefe de Estado guineense reagiu dizendo que a o país não entregará ninguém.

Em relação à advocacia de Embaló junto da ONU, o comentador político Jamel Handem diz que, até aqui, nada foi feito que possa justificar o levantamento das sanções aos militares.

“Tudo o que tem acontecido desde 12 de Abril de 2012 até a data presente, não conseguimos vislumbrar nada que possa mostrar que algo foi feito. As nossas Forças de Defesa e Segurança têm sido cúmplices das mudanças políticas que se têm verificado no país”, assinala Handen, para quem, perante estes factos e outros do carácter político, o Presidente da República não deveria abordar a questão junto as Nações Unidas.

“Teria de haver uma mudança de comportamento dos nossos militares, os militares tinham que ter uma atitude neutra em relação às questões político-partidárias, teriam que deixar de serem acusados de estarem metidos na questão do tráfico de drogas e outros tráficos ilícitos”, completa.

Por sua vez, Fernando da Fonseca, especialista em relações internacionais, afirma que, mesmo sendo legitimo o propósito de Umaro Sissoco Embaló, existem reservas para que as Nações Unidas levantassem sanções aos oficiais guineenses.

“O mais recente relatório que o secretario geral da ONU solicitou ao Comité das Sanções orientou ao próprio Comité a manter as sanções porque, no entender de António Guterres, as Forças Armadas da Guiné-Bissau ainda continuam a perturbar a ordem política”, assinala Fonseca.

No entendimento daquele analista, “os militares ficarão livres de sanções, na medida em que os próprios tomem a posição republicana de se afastarem da política partidária”.

Esta não é a primeira vez que o Presidente guineense aborda e promete o levantamento de sanções aos militares.

Ele chegou mesmo a envolver na iniciativa o antigo Presidente do Níger, Mahamadou Issoufou, que numa visita a Bissau, já no fim do seu mandato, disse que ia interceder a favor do levantamento de sanções dos oficiais guineenses.

 

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