África: Dia do Trabalhador é “marcado” por preocupação nos PALOP

Neste 1 de Maio, muitos trabalhadores não têm o que comemorar devido ao desemprego, fome e insegurança, agravados pela pandemia de Covid-19. Em Angola, organização cancela marcha por temor de repressão policial.

Nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), o Dia Internacional do Trabalhador é marcado este sábado (01/05) pelo alerta sobre a situação dos trabalhadores agravada pela pandemia de Covid-19, o desemprego e conflitos armados.

Em Angola, a União dos Povos de Angola (U.P.A.) pretendia realizar a sua primeira manifestação contra a fome e o desemprego generalizados no país. Segundo os organizadores, a polícia foi orientada a reprimir os manifestantes e, por esse motivo, a marcha foi cancelada.

A marcha aconteceria num momento de greves de trabalhadores em Angola. Esta semana, mais de mil trabalhadores da empresa de Transporte Coletivo Urbano de Luanda (TCUL) iniciaram uma paralisação. O Sindicato Nacional de Professores e Trabalhadores do Ensino Não Universitário (SINPTENU) também ameaçou entrar em greve.

Ainda para este sábado, um grupo de jovens convocou uma manifestação contra o que dizem ser a “má gestão” do lixo na capital de Angola, confrontada há vários meses com acumulação de resíduos nas ruas.

Em Moçambique, a Organização dos Trabalhadores Moçambicanos (OTM) exige a retoma das negociações do aumento do salário mínimo ainda este ano. Numa mensagem à nação, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, sublinhou que a Covid-19 afeta o normal funcionamento da economia, tal como os ataques armados em Cabo Delgado e no centro do país.

“Em nome do Governo e em meu próprio, saúdo todos os trabalhadores nacionais e estrangeiros em Moçambique pela passagem desta data. Façamos das inúmeras adversidades oportunidade para intensificar a produção e produtividade de bens e serviços para os mercados interno e externo, mantendo a vitalidade da nossa economia e aumentando os postos de trabalho”, afirmou o chefe de Estado moçambicano.

Guiné-Bissau: Greve sem fim à vista

Na Guiné-Bissau, o secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG), Júlio Mendonça, afirmou que “a situação laboral na Guiné-Bissau está a atravessar a pior fase“.

“O mais caricato de tudo é que, durante este período da pandemia, em que todo o mundo ficou com dificuldades financeiras, a Guiné-Bissau é o único país que infelizmente agravou a carga fiscal para os trabalhadores. Isso repercute negativamente no salário das pessoas e consequentemente na capacidade de compra”, sublinhou.

A greve da Função Pública na Guiné-Bissau já dura cinco meses e está a ter maior impacto nos hospitais públicos e nas escolas, que se encontram paralisadas. E não há fim à vista.

Mais apoios em Cabo Verde

Na véspera do Dia do Trabalhador, o Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, incentivou que as medidas de apoio sejam intensificadas, especialmente aos mais vulneráveis afetados pela pandemia de Covid-19.

“Estimulo as autoridades a intensificarem as medidas de apoio, especialmente as direcionadas aos mais carenciados, mas simultaneamente a reforçarem os procedimentos de fiscalização, pois a adoção de condutas adequadas é fundamental para fazer face à situação de tamanha gravidade”, declarou.

“Os trabalhadores, os empregadores, a sociedade civil e o Estado têm de congregar esforços para que, em primeiro lugar, a doença, com o seu cotejo de sofrimento, seja debelada e a economia e o conjunto das relações sociais sejam reatadas com a maior normalidade possível”, acrescentou.

 

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