O político assegura que vai participar nas eleições gerais, seja de que forma for. A garantia foi dada esta quarta-feira durante uma conferência de imprensa, em Luanda: “Estamos a conversar com todos os partidos”.
“Vamos participar nas eleições gerais de 2022 como PRA-JA, seja qual for o modelo”, assegurou esta quarta-feira (03.02) Abel Chivukuvuku em declarações à imprensa.
Sobre um possível regresso de Chivukuvuku à Convergência Ampla de Salvação de Angola-Coligação Eleitoral (CASA-CE), que fundou há quase uma década, sobre o qual se tem especulado face à crise interna no partido, o político reitera que vai continuar a lutar pela legalização do seu novo projeto, o PRA-JA Servir Angola.
Fazendo uma analogia, Abel Chivukuvuku explicou que “o PRA-JA é como se fosse a menina bonita do bairro. Todos os rapazes querem a menina, a menina é que tem de ter juízo para não ir com o primeiro bandido que aparecer”.
“Com isso quero dizer que estamos a conversar com todos [os partidos], por solicitação destes, e nós fazemos as nossas avaliações.”
“O culpado é quem não tenta”
O movimento político anunciou que vai apresentar queixa junto da União Africana (UA) e da Organização das Nações Unidas (ONU) depois do Tribunal Constitucional de Angola ter invalidado a sua legalização como partido, alegadamente por não cumprir os requisitos necessários.
Em última instância, Chivukuvuku pedirá ainda à Justiça angolana a invalidação do acórdão do Constitucional, que “barrou” a legalização do PRA-JA.
“O que vamos fazer agora, que é o requerimento de cassação do acórdão, nunca se fez em Angola. E a minha filosofia de vida é: o culpado é quem não tenta. É nosso direito, vamos fazer isso”, assegura o mentor do PRA-JA.
Cafunfo, um caso de “abuso de poder”
Chivukuvuku aproveitou também a conferência de imprensa desta quarta-feira para condenar a atuação da polícia na esquadra de Cafunfo, província da Lunda Norte, no sábado (30.01).
O político disse que, apesar de ainda não serem conhecidos todos os dados, há evidências de “abuso de poder” e “violação dos direitos dos cidadãos”. Abel Chivukuvuku rejeita a argumentação do Governo de que as pessoas que queriam fazer uma manifestação em Cafunfo eram “rebeldes” ou “insurgentes”.
“Se é uma rebelião armada, porque é que nenhum dos indivíduos tinha armas? Como é que é armada sem armas? Nas imagens que circularam de cidadãos mortos, nenhum deles tem uma arma ao lado. Como é que é uma rebelião armada?”, questionou.
As autoridades afirmaram que, no sábado (30.01), seis pessoas foram mortas durante a repressão policial. Mas a organização de direitos humanos Amnistia Internacional (AI) apontou esta semana para, pelo menos, dez mortos. A sociedade civil diz que o se passou na Lunda Norte foi um “massacre”.
“Tanta maldade para quê?”
Chivukuvuku comparou o que aconteceu em Cafunfo às mortes de membros da seita “A Luz do Mundo”, de José Julino Kalupeteka, no monte Sumi, em abril de 2015.
“Também foi assim no monte Sumi, encontraram pessoas que estavam a rezar e massacraram as pessoas. É a mesma prática”, avalia.
“Deveríamos ter vergonha do sadismo que demonstraram nas imagens. Até feridos que estavam no chão e se tentavam levantar levaram pontapés. Tanta maldade para quê?”