O Presidente da associação angolana de luta contra as drogas disse hoje que o consumo de bebidas alcoólicas por adolescentes e jovens aumentou nos país nos últimos anos, apelando à aprovação da lei que visa reduzir o uso excessivo.
Segundo o responsável da Associação Nacional de Luta contra as Drogas, Cláudio Pinto, “a cada ano que passa há um elevado índice de consumo de drogas em Angola”, sendo as principais bebidas alcoólicas, canábis sativa ou liamba e o ‘crack’, incluindo também novas drogas como a tembu, proveniente de uma planta descoberta na província do Cuanza Sul, “uma droga da categoria de estimulante, que também está a matar muita gente na região do sul”.
Drogas como a cocaína e o ‘crack’, segundo avançou Cláudio Pinto, são mais consumidas nas províncias de Luanda, capital de Angola, Namibe, Huíla e Benguela.
No que se refere ao consumo de bebidas alcoólicas, a situação é mais grave nas províncias de Luanda, Moxico, Lunda Sul, Lunda Norte, Cuando Cubango e Benguela, enquanto para as bebidas alcoólicas tradicionais a preocupação está nas províncias de Malanje, Cuanza Norte, Bengo, Uíje e Cunene.
“Há um elevado índice de consumo de bebidas alcoólicas tradicionais, as caseiras, nomeadamente kapuca, macau, maruvo e outros derivados de várias raízes, feitos na região sul, centro sul e norte do país”, realçou.
O consumo da liamba, como indicou o presidente da Associação Nacional de Luta contra as Drogas, é mais acentuado nas províncias de Luanda, Cuanza Norte, Malanje, Uíje, Lunda Sul, Lunda Norte e Moxico.
Questões sociais e a desestruturação das famílias são apontadas como as principais razões que levam indivíduos entre os 12 e 65 anos, na sua maioria jovens, a consumirem por excesso bebidas alcoólicas, salientou Cláudio Pinto.
O líder associativo afirmou que “todos os dias morrem pessoas em Angola devido ao consumo de drogas, principalmente de bebidas alcoólicas e liamba, que matam como a malária no país”.
Para Cláudio Pinto, o consumo de liamba e de bebidas alcoólicas é uma questão de saúde pública, que a sociedade civil e o Governo devem “olhar com olhos de ver”.
“De acordo com o presidente da Associação Nacional de Luta contra as Drogas, diariamente 90 pessoas procuram os serviços do Hospital Psiquiátrico de Luanda por consequência do consumo exagerado de bebidas alcoólicas”, sublinhou.
Cláudio Pinto reclamou a demora na aprovação da Proposta de Lei sobre o Regime e Consumo de Bebidas Alcoólicas, submetida em 2020 à Assembleia Nacional, até à presente data sem agendamento para discussão.
“Os interesses estão na Assembleia Nacional. Quem são os donos das grandes fábricas de bebidas alcoólicas, quem são os grandes comerciantes grossistas de bebidas alcoólicas? Muitos deles estão na Assembleia Nacional”, disse Cláudio Pinto, salientando que tem feito contactos com os grupos parlamentares do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder), União Nacional para Independência Total de Angola (UNITA, maior partido da oposição), a sexta comissão da Assembleia Nacional e o grupo das mulheres parlamentares, no sentido de se agendar a proposta.
“Angola, com cerca de 34 milhões de habitantes, consome mais quantidades de bebidas alcoólicas do que a República Democrática do Congo, que tem 80 milhões de habitantes, do que a África de Sul, que tem 60 milhões de habitantes”, comparou.
Com foco na prevenção, a associação, fundada em 2004, tem o registo de mais de 3.000 pessoas que vivem com problemas de drogas no país.
“Fazemos aquilo que podemos (…), mas somos uma organização não-governamental não financiada (…), não estamos preocupados em salvar milhões. Em 100 pessoas se salvarmos uma já nos sentimos satisfeitos, porque não temos condições suficientes para ajudar todo o mundo“, referiu, frisando que “o consumo de bebidas alcoólicas e canábis é generalizado no país”.
No dia 26 de junho, Dia Internacional de Combate às Drogas, o ponto mais alto das comemorações acontece na província de Malanje, com a realização do primeiro fórum regional norte, que vai congregar as províncias do norte do país, no qual participarão representantes de órgãos ministeriais, com destaque para o Instituto Nacional do Emprego e de Formação Profissional, parceiro de políticas de empregabilidade, em pacientes recuperados.