Série denunciando alegada corrupção de antigos dirigentes vista com tendenciosa e tentativa de “branquear” o actual governo
O “Banquete” – a série da Televisão Pública de Angola (TPA) – que denuncia alegadas acções corrupas de conhecidas figuras angolanas está ser criticada por jornalistas, incluindo a Comissão da Carteira e Ética de Angola.
A série é constituída por uma dúzia de reportagens e nas primeiras duas edições a TPA apresentou nomes de figuras como Manuel Vicente, Zenu dos Santos e Joaquim Sebastião, como tendo enveredado em práticas que lesam o povo angolano.
Faltam ser exibidas mais onze mas as que já foram para o ar foram avaliadas negativamente por vários jornalistas incluindo por Luísa Rogério a presidente da Comissão da Carteira e Ética para quem nos dois programas exibidos pela TPA notou-se erros técnicos graves tendo faltado o contraditório efoi feito um pré julgamento das pessoas visadas pelas matérias.
“Todas as pessoas citadas nas reportagens passadas pela TPA deviam ser ouvidas sobretudo no jornalismo investigativo, para dar maior credibilidade, e por outro lado não devem nunca os jornalistas sobreporem-se aos tribunais, todas as partes envolvidas no assunto devem ser ouvidas”, afirmou.
A presidente da CCE diz por outro lado que só vai se convencer que o acto da TPA é genuíno caso algumas figuras ligadas ao actual poder político e bem visíveis apareçam nestas reportagens.
“É a mesma TPA e os mesmos jornalistas que há bem pouco tempo desmentiam pessoas da sociedade civil que denunciavam estes mesmos factos, inclusive estas pessoas eram conotadas ao imperialismo, como pessoas que tentavam manchar o bom nome de Angola “, disse.
“Penso que a TPA está a fazer UM “ mea culpa” e assume-se desta forma que sempre funcionou como boca de aluguer em relação ao poder” acrescentou Luísa Rogeri.
“Eu só me vou convencer de que a intenção da TPA é genuína quando nestas reportagens aparecem também outras figuras bem visíveis em escândalos de corrupção”, afirmou.
Para Ilídio Manuel outro jornalista a TPA com as duas primeiras edições não trouxe nenhuma novidade, terá apenas replicado algumas denúncias que já foram feitas pela Procuradoria Geral da República GR e mesmo por alguns portais de informação das redes sociais.
Ilídio Manuel entende que estas reportagens são “encomendas” para branquear a imagem do executivo actual.
“Não tenho dúvidas que se trata de encomendas e nem vale a pena se criar a ilusão de que significa abertura em termos jornalísticos da TPA” disse, afirmando de seguida que actualmente “nota-se cada vez mais a evidenciar-se a lei da rolha com cenários de censura e autocensura a marcar o panorama da média angolana”.
Quem também não descarta a hipótese de que esta série de reportagens da TPA denominadas Banquete possa ser uma encomenda é o antigo presidente do Misa Angola o jornalista Alexandre Solombe.
Solombe diz que para ele a série visa admitir que houve corrupção mas que os actuais dirigentes não fazem parte desse grupo.
” É esta ideia no fundo que se quer passar com esta série de reportagens da TPA”, disse
“Do ponto de vista ético jornalístico há uma dose grande de parcialidade, não há equilíbrio, não se ouve as pessoas visadas que estão aí contactáveis, é sempre na perspectiva parcial”, acrescentou