Angola: Cabinda chora morte de “Raúl Danda”

Deputado da UNITA será lembrado como um dos maiores defensores dos cabindas, afirmam à DW várias vozes. O corpo de Raúl Danda chega esta quinta-feira (13.05) à sua terra natal. Funeral realiza-se na sexta-feira.

Na província angolana de Cabinda, a passagem física de Raúl Manuel Danda suscitou reações por parte dos cidadãos e políticos. Natural de Cabinda, Danda morreu no passado sábado (08.05), aos 63 anos de idade, vítima de doença. O infausto acontecimento abalou o povo angolano, em particular o da sua terra-natal, numa altura em que muito se fala da questão de Cabinda.

Em entrevista à DW África, cidadãos e políticos lamentam o falecimento do antigo vice-presidente e até então presidente do grupo parlamentar da UNITA, que consideram ter sido um dos maiores defensores dos cabindas. Para alguns, Raúl Danda foi o único filho do enclave que sempre usou as suas ideias para libertar o povo das maranhas do esquecimento.

Artur de Carmo, deputado ao círculo provincial pelo partido MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) considera Raúl Danda uma referência incontornável na história do país, em particular na de Cabinda.

“Acima de tudo, amante da liberdade e defensor do desenvolvimento económico e social do país, com particular incidência para a defesa das questões ligadas ao desenvolvimento socioeconómico da província de Cabinda, terra de que é originário. O deputado Raúl Danda soube estar à altura e momento do seu tempo e hoje, em face a este infortúnio, desejo condolências à sua família e também à comunidade particular que perde um valioso quadro e um verdadeiro defensor de causas consideráveis”, afirma.

Homenagem nas ruas

Para homenagear Raúl Danda, vários cidadãos saíram às ruas de Cabinda, esta quarta-feira (12.05), para participarem em vigílias para rezar pela sua alma, com velas acesas nas mãos e vestidos com t-shirts brancas.

Um destes cidadãos foi Maurício Ngimbi que, em entrevista à DW, diz que não vai existir um político igual na luta dos direitos da população de Cabinda, pois Raúl Danda soube representar o enclave. “O Dr. Raúl Manuel Danda foi um acérrimo defensor dos direitos humanos e da causa justa dos cabindenses. Partindo para a eternidade, deixa-nos o legado de lutar de forma pacífica, frontal e destemida com todas as nossas forças e com toda nossa inteligência pela liberdade e pela recuperação de nossa soberania que foram usurpadas”, afirmou.

A mesma opinião tem Raúl Tati, deputado e colega de Raúl Danda na UNITA: “Devo dizer que Danda foi sobejamente conhecido por todos nós como uma figura que se engajou muito pelo bem dos outros. Assumiu as causas dos outros como as suas causas”, frisou Raúl Tati, que lembra ainda o percurso de Danda: “O engajamento na sociedade civil, neste caso como co-fundador do Mpalabanda [associação cívica de Cabinda], onde deu a sua experiência e também a sua tenacidade. Perdemos uma figura que nos podia ajudar nas lutas e na emancipação do povo de Cabinda”.

Segundo o programa oficial das exéquias, a que a DW teve acesso, os restos mortais de Raúl Danda devem chegar à sua terra natal esta quinta-feira (13.05), onde será homenageado pela UNITA ao fim da tarde.

O funeral está agendado para a manhã desta sexta-feira (14.05).

 

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