Angola: Comportamentos ilícitos da Igreja Universal sempre tiveram suporte político

Entrevistado na TV 247 do Brasil, o jurista angolano explica que a subversão praticada pela Igreja de Edir Macedo no país foi acobertada graças ao tráfico de influências no governo do ex-presidente Eduardo dos Santos. Jair Bolsonaro também foi apontado como uma dessas influências.

As polêmicas envolvendo a Igreja Universal em Angola estiveram em pauta no programa “Um Tom de resistência”, da TV 247, nesta semana. O advogado, professor universitário e comentarista político Hélder Chihuto foi o convidado de Ricardo Nêggo Tom. Perguntado se a influência da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus) sobre o povo angolano teria êxito sem um suporte político, Hélder não titubeou ao responder positivamente.

“Não apenas em Angola, mas em boa parte do mundo, a Igreja Universal conseguiu ganhar uma hegemonia do ponto de vista da influência política muito grande. Os atores políticos por trás da instituição sempre deram cobertura a muitos atos ilícitos praticados pela igreja e que mancharam e macularam a imagem do evangelho de Cristo”, afirmou.

Hélder cita como exemplo uma tragédia ocorrida durante uma vigília da igreja no país africano, onde dezenas de pessoas morreram e outras tantas ficaram feridas – um fato pouco noticiado no Brasil. “Hoje temos um presidente da República [João Lourenço] que mostra uma tendência muito forte em combater os vícios do passado. A Igreja Universal foi acobertada pelo governo anterior, do ex-presidente Eduardo dos Santos, quando fizeram a ‘Vigília do dia do fim’, que culminou no falecimento de muitas pessoas, deixando várias famílias com suas vidas destruídas e sem que a igreja fosse responsabilizada pela tragédia”.

O jurista também acusa a instituição religiosa de exigir sacrifícios financeiros, através de coação dos fiéis, para garantir seu enriquecimento e de seus líderes. “Quando as pessoas se dedicam apenas à obtenção de dinheiro, é porque algo de errado está a acontecer. Esse tráfico de influência derivou-se por meio de corrupção ativa, envolvendo líderes políticos angolanos altamente corruptos, que se deixaram seduzir por essa trama maquiavélica, que transformou Angola numa lavanderia de dinheiro aos olhos dos oportunistas da fé. Esses valores passaram a ser expatriados para investimentos pessoais em outros países”, denunciou Hélder.

Jair Bolsonaro também foi mencionado por Hélder, por ter, segundo o jurista, tentado interferir a favor da igreja de Edir Macedo junto à justiça angolana. “Até o presidente Jair Bolsonaro enviou uma carta rogatória ao presidente de Angola para tentar intervir politicamente no caso da IURD. Isso fere o princípio da separação dos poderes. Os poderes são soberanos e não pode haver promiscuidade entre eles ou intromissão de um no outro. O problema não é político, e sim de âmbito judicial. Porém, o presidente de Angola esteve muito bem em sua resposta ao presidente brasileiro, pedindo-lhe desculpas e dizendo que não tinha poder para interferir no judiciário”, revelou o jurista.

 

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