Angola: Concurso público para gestão sem corrupção na maior praça de Benguela

Administração Municipal cede à pressão dos vendedores

O maior mercado informal da província angolana de Benguela, no epicentro da prisão de um antigo administrador municipal e primeiro secretário do MPLA, vai ter na gestão uma empresa definida por concurso público, na sequência da pressão da Associação dos Feirantes.

De acordo com fonte ligada ao processo-crime que envolve Carlos Guardado, à espera de julgamento por suposta prática de corrupção e peculato, dez anos de gestão danosa no mercado 4 de Abril, no município sede, representam descaminhos acima de 900 milhões de Kwanzas.

Em declarações à VOA, o presidente da Associação dos Feirantes, Gonçalves Xavier, que já foi informado do expediente pela Administração Municipal de Benguela, refere que o concurso público, daqui a dois meses, é um bom sinal de transparência

Para Xavier ‘’finalmente acaba a polémica” pois “foi reposta a legalidade”.

“Temos aí muitos feirantes que continuam a pagar taxas, por isso pedimos transparência’’, acrescentou

Dados avançados pela Associação dos Feirantes apontavam para receitas na casa dos 15 milhões de Kwanzas mensais, pelo menos até antes da pandemia, sendo que apenas três milhões tinham como destino o Tesouro Nacional.

A VOA não conseguiu obter a versão da Transmaya, empresa que vê terminado um ciclo de quase 4 anos na condução do mercado.

O jurista Chipilica Eduardo considera que esta medida significa o reconhecimento de sucessivos erros, pelo que sugere mais investigação.

’’Há prejuízos para o Estado e a culpa não deve morrer na anterior administração, outras entidades devem ser chamadas”, disse.

“Como os prejuízos são ainda incalculáveis, apelamos que sejam chamadas outras pessoas como responsáveis, até porque o contrato é público, está escrito’’, acrescentou.

Para já, a gestão do maior mercado a céu aberto em Benguela fica a cargo de uma comissão.

Após ter cumprido prisão preventiva, o ex-administrador municipal, substituído por Adelta Matias, também no Secretariado Municipal do MPLA, optou sempre por não abordar o assunto.

VOA 

 

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