Angola: Cooperativas acusam “associações de taxistas angolanos” de atos de agressão e ameaças

Cooperativas de taxistas de Angola queixaram-se de ameaças e agressões por parte das associações de taxistas que convocaram a paralisação de há uma semana em Luanda, por não terem aderido à greve, acusações que estas negam.

A paralisação dos taxistas em Luanda, que ficou marcada por atos de vandalismo, foi promovida por três associações de taxistas, nomeadamente a Associação dos Taxistas de Luanda (ATL), a Associação Nova Aliança dos Taxistas de Angola (ANATA) e a Associação dos Taxistas de Angola (ATA), sendo que as cooperativas de taxistas não aderiram à greve.

Durante a paralisação, registaram-se vários incidentes, incluindo a destruição de um autocarro do Ministério da Saúde e do comité distrital do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder) em Benfica, sul de Luanda, aos quais foi ateado fogo.

Hoje, num encontro promovido pelo governo da província de Luanda, dirigido pela governadora Ana Paula de Carvalho, as cooperativas de taxistas condenaram os atos de vandalismo e denunciaram agressões, assaltos e ameaças de que dizem ter sido alvo por não aderirem à greve.

A situação foi relatada pelo presidente da Cooperativa dos Taxistas Unidos de Angola e coordenador da comissão das associações e cooperativas do setor, Leonardo Lopes, imputando as agressões, ameaças e assaltos às suas residências às três associações.

“Estamos a ser alvo de ameaças e agressões destas três associações, daí que já abrimos uma queixa-crime porque nós simplesmente defendemos a classe e não benefícios pessoais”, disse Leonardo Lopes.

Manuel Francisco, membro da cooperativa dos taxistas de Luanda, repudiou igualmente as cenas de vandalismo e referiu que a sua organização não aderiu à paralisação porque “é contra a vandalização e a favor do diálogo”.

Em declarações à Lusa, o presidente da ANATA, Francisco Paciente, negou as acusações das cooperativas, garantindo que será movido um processo-crime em que estas terão de provar as acusações que imputam às associações de taxistas.

“Aqueles que acusam as associações de agressões vão ter de provar, nós vamos promover o competente processo para esses líderes das cooperativas provarem aquilo que estão a dizer”, afirmou.

Para Francisco Paciente, que considera que o encontro entre o governo de Luanda e cooperativas de taxistas “visa apenas criar ilhas entre a classe”, os responsáveis das cooperativas “são os que supostamente agitaram as pessoas para criarem distúrbios”.

O presidente da ANATA referiu também que as três associações não incluíram as cooperativas na convocatória da paralisação porque estas “têm fins diferentes”.

A necessidade da carteira profissional, inscrição no Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) e a definição de paragens específicas para os táxis foram algumas preocupações apresentadas hoje à governadora de Luanda pelas cooperativas.

Ana Paula de Carvalho garantiu, na ocasião, que uma comissão conjunta de trabalho, constituída por taxistas e membros do seu governo, será criada para, junto do Ministério dos Transportes, trabalharem na questão da inscrição no INSS e da carteira profissional.

O vice-governador de Luanda para o Setor Económico, Lino Quienda, será o representante do Governo de Luanda na referida comissão conjunta de trabalho.

O secretário provincial de Luanda do MPLA, Bento Bento, e o Presidente da República, João Lourenço, insinuaram que os incidentes tinham tido motivações políticas, culpando o principal partido da oposição, União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), que se demarcou e condenou o vandalismo, negando quaisquer responsabilidades.

 

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