Pacientes estão a perder a vida no hospital por buscarem tratamento tardiamente, além do atendimento ser moroso. Técnicos apontam falta de informação e tradição como causas do aumento de mortes.
De julho a setembro, quase 200 pessoas morreram de diversas doenças no Hospital Geral do Moxico (HGM). O número de mortes de pacientes na maior unidade sanitária da província está a crescer, segundo a gestão do HGM. No segundo trimestre desde ano, tinham sido registados 110 óbitos.
Celma José, coordenadora da Comissão de Gestão do hospital, afirma que os óbitos acontecem, porque as pessoas tardam a ir para as unidades de saúde, acabando por morrer de doenças que poderiam ser facilmente tratadas no hospital. Entre as principais causas de morte estão a malária, diarreia, insuficiência renal, doenças respiratórias e diabetes. “As pessoas perdem a vida, porque chegaram tarde à unidade sanitária”, diz a coordenadora.
A chegada tardia aos serviços de urgência é a principal causa de morte de pacientes no hospital, aponta também a técnica de enfermagem Josefina António. A “falta de informação e o tradicionalismo” fazem com que as pessoas vão com atraso às unidades de saúd, considera.
Pacientes menosprezados
Por seu lado, os cidadãos da província queixam-se do mau atendimento hospitalar. Uma das principais reclamações tem ligação com às restrições impostas pela pandemia da Covid-19. Parentes dos pacientes internados encontram enormes dificuldades para ter acesso ao hospital para os acompanhar e apoiar. Edna Luciana conta que foi impedida de entrar no hospital: “Estás a vir com a criança doente e nãos entra normalmente. Chegas e não te atendem normalmente”.
João Bumba também conta com indignação que “não se atende urgentemente”. Relata que já teve de reclamar “aos gritos” com os enfermeiros, que foi levar comida à noite ao hospital e não o deixaram entrar. João diz que teve de esperar durante horas até os enfermeiros analisarem o seu caso e autorizarem a sua entrada.
Há quem relate que há tratamento diferenciado para determinados pacientes. Octávio Vidal diz que os estrangeiros são tratados com rapidez e cuidado. Já o atendimento para os locais, relata o cidadão, é feito com descaso. “O atendimento deste hospital do Luena não está nada bom. O povo está totalmente frustrado”, completa.
Com 300 camas, o Hospital Geral do Moxico atende mais de 4.000 pacientes por semana e conta com um corpo clínico composto por 40 médicos e 218 enfermeiros, entre nacionais e estrangeiros, número considerado insuficiente para atender a demanda.