Angola: É cada vez mais difícil levantar dinheiro nos bancos e ninguém sabe porquê

Milhares de pessoas têm tido dificuldades para levantar dinheiro no Bengo e Luanda, nos últimos dias. Banco Nacional de Angola (BNA) recomenda alternativas às agências com longas filas, sem avançar as causas do problema.

Nas províncias angolanas do Bengo e Luanda é cada vez mais difícil levantar dinheiro nas dependências bancárias. Alguns clientes falam em falta de liquidez financeira, o que está a provocar longas filas à porta dos bancos.

“Os bancos têm estado muito cheios e, por vezes, aguentamos na fila, mas, quando chega a nossa vez, o dinheiro acaba”, relata Manuel Macuenda, trabalhador de uma empresa privada em Caxito, no Bengo. “Depois mudamos para outro banco, lá também notamos enchentes. Os bancos ficam mesmo sem dinheiro”, acrescenta.

A situação afeta milhares de pessoas na província do Bengo e na capital, Luanda, nomeadamente nas zonas do Sambizanga, S. Paulo e Cacuaco.

Enchentes afetam vários bancos

Depois de duas tentativas frustradas, Pedro Manuel, funcionário público residente no Panguila, nas imediações de Luanda, teve de interromper o sono para ir à meia-noite a uma dependência bancária, mas sem efeito.

“Solucionem o problema o mais rápido possível”, apela. “Aos gestores financeiros e bancários, agilizem, verifiquem e programem inserir dinheiro de tempos a tempos nas caixas automáticas, porque no balcão nunca há dinheiro”, lamenta.

As enchentes afetam dependências do Banco de Poupança e Crédito, Banco de Fomento Angola, Banco Millenium-Atlântico, Banco Económico e Banco Sol, entre outros.

Segundo Nicolau Francisco, do serviço de apoio ao cliente da Empresa Interbancária de Serviços (EMIS), “a falta de valores só poderá ser esclarecida pelo banco”, já que aquela empresa apenas é responsável pelo sistema de gestão bancária.

Causas por explicar

Numa nota divulgada esta quinta-feira (10.12), o Banco Nacional de Angola (BNA) recomendou que sejam usadas alternativas aos balcões dos bancos ou caixas automáticas onde se têm verificado longas filas, sem avançar as causas que justificam o sucedido.

No comunicado, o BNA salienta que as grandes aglomerações de pessoas devem ser evitadas devido à pandemia da Covid-19, aconselhando outras opções para a realização de pagamentos de compras e serviços, transferências e consultas de saldos que não requerem uma ida ao balcão de um banco comercial.

O BNA sugere nomeadamente o recurso a soluções de Internet e ‘mobile banking’ dos bancos comerciais, bem como o uso do cartão Multicaixa e da aplicação Multicaixa Express, que permite, através do telemóvel, pagar serviços e compras, incluindo água, luz, televisão, Internet, carregar o telemóvel, consultar o saldo e movimentos, fazer transferências e pedidos de levantamento sem cartão.

O economista e professor Teixeira de Andrade critica o silêncio dos gestores bancários, mas descarta a possibilidade de falta de liquidez financeira.

“Acredito ser uma gestão interna do próprio banco em não disponibilizar valores nos ATM para satisfazer as suas necessidades”, considera, para a seguir deixar o alerta: “É importante que os bancos entendam o seu papel para facilitar a vida do agente económico”.

DW África 

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