Na província angolana de Cabinda, os jovens pedem mais atenção e direitos iguais quando se trata de oportunidades de emprego no país. Entenderem que nem sempre os processos de recrutamento são transparentes.
O desemprego no seio dos jovens na província angolana de Cabinda aumentou de 21 para 42 por cento com o surgimento da pandemia da Covid-19, resultante das dificuldades das empresas, tendo atingido uma taxa de 97,6 por cento das atividades comerciais, segundo dados de uma pesquisa da consultoria CEP em parceria com a Universidade 11 de Novembro.
Alguns empresários, que deveriam estimular o emprego, contaram à DW que não conseguem concorrer a diversas linhas de crédito por motivos como cepticismo, burocracia excessiva ou falta de transparência dos programas.
Jovens de Cabinda como Henrique Tibúrcio queixam-se de discriminação em relação aos jovens da capital, Luanda.
“A questão do desemprego em Cabinda é um problema que está a afetar muito a juventude, porque é inacreditável que quando se monta um shopping prioriza-se mais as pesssoas de Luanda. Será que Cabinda não tem pessoas capacitadas? Tanto é que o emprego que se dá aos cabindas é simplemente de segurança”, lamenta Henrique Tibúrcio.
Falta de transparência nos recrutamentos
Henrique Tibúrcio queixa-se também de pouca transparência em processos de recrutamento, que acontece sempre na capital angolana, Luanda. E, segundo diz, muitos desses jovens têm sido priorizados em detrimento dos jovens locais, mesmo no caso de empresas com instalações em Cabinda.
“Para se combater este fenómeno, é necessário que o Executivo priorize primeiramente os natos”, defende.
A empreendedora Alice Faustino aponta alguns caminhos para contornar a situação e motivar os jovens: “Uma das políticas passa exatamente por fomentar o autoemprego com formação técnica profissional e micro-créditos para o projeto. Diminuir as taxas de impostos para pequenas e médias empresas e estágios profissionais para os recém formados.”
Governador reconhece situação
Já para Edmilson Gama, de 28 anos, que está desempregado, “a questão do desemprego em Cabinda está numa fase muito crítica”. E aponta algumas saídas:
“Acho que o Governo deveria criar mais políticas de emprego, políticas empresariais que possam criar mais oportunidade de emprego, isto é, apostar na agricultura que é uma das bases do desenvolvimento industrial, na desminagem, sabemos que depois das guerras, há muitas terras aí minadas.”
O primeiro emprego tem sido uma luta para a juventude. Muitas das obras estruturantes que concederiam mais empregos estão paralisadas por questões financeiras.
O governador da província de Cabinda, Marcos Nhunga, reconhece a situação, mas espera dias melhores.
“Foram vários os projetos implementados pelo Executivo angolano, tendentes a resolver os problemas do povo, e que tiveram impacto na vida dos cidadãos, mas tendo ainda a consciência de que muito devemos fazer ao nível da nossa província”, rematou.