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Angola: Julgamento do “caso Igreja Universal do Reino de Deus (IURD)” começa com orações e tumulto em Luanda

Bispo Gonçalves e advogado David Mendes discutem e só não chegam a vias de facto devido à intervenção policial. Religiosos brasileiros da Igreja Universal são acusados de associação criminosa e branqueamento de capitais.

Quatro dirigentes da ala brasileira da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) começaram a ser julgados na manhã desta quinta-feira (18.11) no Tribunal Provincial de Luanda.

“O ex-representante máximo Honorilton Gonçalves da Costa [o bispo Gonçalves], o ex-diretor da Record TV África, Fernando Henrique Teixeira, o bispo António Correia da Silva e o pastor Valdir Sousa dos Santos são indiciados pelos crimes de associação criminosa e branqueamento de capitais”.

Momentos antes da sessão e na presença de agentes policiais, David Mendes, advogado de acusação, e Honorilton Gonçalves, ex-presbítero-geral da IURD em Angola, trocaram farpas e só não chegaram a vias de facto devido à pronta intervenção da polícia.

Tudo terá começado após o bispo ter cumprimentado o advogado da ala angolana. “Vocês viram que ele ofendeu-me e teve sorte que fugiu, porque senão dava-lhe uma bofetada. Disse que eu era um criminoso”, explicou Mendes.

Mas o bispo Honorilton Gonçalves assegurou que apenas cumprimentou David Mendes e, logo a seguir, disse que não era nenhum criminoso, em resposta a um comentário que, dias antes, o advogado da ala angolana havia feito numa estação televisiva de Angola. “Foi equivocado. Eu só dei ‘bom dia’ e disse que não sou criminoso. Só isso… e ele não falou nada”, explicou.

Já na sala de audiência, Tutti António, juiz da causa, pediu calma aos arguidos e aos demais envolvidos no processo para evitar o pior.

Orações no exterior do tribunal

De concreto, a sessão desta quinta-feira foi apenas para questões prévias de acareação ao Ministério Público e aos advogados dos acusados. Esta sexta-feira (19.11), será feita a leitura da acusação e a audição dos arguidos.

No exterior do tribunal, permaneciam centenas de fiéis apoiantes da ala brasileira e da ala angolana. Alguns deles falaram à DW África sobre o caso.

“A Igreja Universal tornou-se num palco de crimes. Então, nós viemos aqui para acompanhar este julgamento e vermos qual será o desfecho. Estamos aqui como membros da igreja”, disse um fiel da IURD. “O que nós exigimos de concreto é nada mais do que a justiça. Que a justiça seja justa”, disse outro fiel.

Uma outra senhora fiel da igreja explica que a polícia retirou os apoiantes da parte frontal do tribunal e os enviou para a marginal. “Fizemos as nossas orações, louvamos ao nosso Deus, porque nós queremos muito mais do que a justiça dos homens. Queremos a justiça de Deus”, afirmou.

Tensão diplomática

O caso IURD, que se resume numa guerra no seio da liderança da igreja, acabou por desencadear uma tensão diplomática entre Angola e Brasil.

Depois de deportados vários bispos brasileiros, a TV Record, propriedade da Igreja Universal, passou a emitir reportagens contra a primeira-dama de Angola, Ana Dias Lourenço, o que levou o advogado João Amaral Gourgel a deixar de representar os interesses dos bispos brasileiros, por considerar os comentários feitos nas reportagens como “ofensivos” e “depreciativos”.

Em julho, aproveitando a reunião da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o vice-Presidente do Brasil, Hamilton Mourão, tentou interceder junto do Presidente angolano, João Lourenço, para que recebesse uma comitiva de parlamentares brasileiros. O pedido acabou por ser negado.

 

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