A repressão sangrenta no 27 de Maio de 1977, perpetrada pelo MPLA, partido dirigente da República Popular de Angola, mudou a trajectória política, económica, social e cultural de milhões de cidadãos angolanos, considerou Kamalata Numa.
Por isso, para o deputado do maior partido da oposição angolana, UNITA, o processo de pedido de perdão e reconciliação nacional deve passar, primeiro pelo reconhecimento do genocídio, pelo reconhecimento da existência de vítimas vivas do genocídio, pelo ressarcimento das vítimas vivas do genocídio e finalmente, pelo pedido de perdão.
Disse também que, a admissão do genocídio e o pedido de perdão representam o primeiro e último grande gesto para a reconciliação nacional.
“O acto encenado pelo Sr. Presidente da República de Angola, peca pela ausência do reconhecimento de existência das vítimas vivas do genocídio, pela ausência do reconhecimento dos males a si provocados ao longo de mais de quatro décadas e pelo seu devido e merecido ressarcimento, para que o acto seja verdadeiramente genuíno no pedido de perdão pelos crimes que diz ter cometido”, conforme o deputado Numa.
Abílio Kamalata Numa, é ainda de opinião que, os cidadãos sujeitos às cevícias durante e depois do 27 de Maio de 1977, são os filhos, esposas, netos, pais e parentes dos torturados e mortos durante este bárbaro genocídio.
Estas vítimas vivas, adianta, foram descriminadas e sujeitas a humilhações durante anos, vivendo a exclusão.
Por isso, esta situação exige que a reconciliação seja verdadeira e feita entre o MPLA e os cidadãos afectados que desta forma se sentirão libertados dos seus algozes e definitivamente partirem para a reconciliação nacional sustentável entre iguais e não de cidadãos golpistas que o MPLA teve de reprimir e perdoar.
“Viva a reconciliação nacional!”, finalizou.
Refira-se que, a 26 de Maio último, o Presidente da República, João Lourenço, pediu, em nome do Executivo angolano, desculpas públicas pelos acontecimentos do 27 de Maio 1977, tendo igualmente se comprometido a entregar às famílias restos mortais, ossadas e certidões de óbitos de seus parentes.
O Presidente da República, João Lourenço que falava em imprensa à nação, sobre os acontecimentos do dia 27 de Maio de 1977, 44 anos depois, disse que não é altura de “nos apontarmos o dedo” mas que cada um deveria assumir as responsabilidades que lhe cabem.
Importa realçar que, inúmeras foram as críticas à volta do discurso, com destaque para a oposição, analistas políticos, além de activistas cívicos e social em geral.