Começou no Tribunal Provincial de Luanda nesta quinta-feira, 18, o julgamento de bispos brasileiros da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), acusados dos crimes de associação criminosa e branqueamento de capitais em Angola.
Pelo menos quatro arguidos devem ser ouvidos e julgados nos próximos dias, entre eles Honorilton Gonçalves da Costa, antigo responsável espiritual da IURD em Angola e Moçambique, Henriques Teixeira, o ex-director da Record TV África, o bispo António Pedro Correia da Silva e o pastor Valdir de Sousa dos Santos.
No arranque do julgamento, enquanto centenas de fiéis da igreja, cuja sede mundial está em São Paulo, Brasil, faziam orações na marginal da capital angolana, a polícia montou um forte aparato de segurança.
Como a VOA noticiou em Agosto, “a Procuradoria-Geral da República (PGR) acusou vários líderes da IURD, na sua maioria brasileiros, de associação criminosa e branqueamento de capitais”.
A justiça angolana decidiu investigar a organização que pertence ao bispo brasileiro Edir Macedo, dono de um conglomerado de templos e editoras em todo o mundo e da rede de televisão Record, a segunda maior do Brasil, que também tem estações de televisão e de rádio em Cabo Verde e Moçambique, depois de denúncias feitas por pastores angolanos.
O Governo de Angola encerrou neste ano as emissões da TV Record no país.
As autoridades brasileiras tentaram evitar que a justiça continuasse com o caso, depois de os bispos e pastores terem sido praticamente afastados pelo grupo angolano.
O próprio Presidente Jair Bolsonaro prometeu à IURD que iria intervir, tendo os senadores ameaçado cortar investimentos em Angola.
Em Julho, durante a sua estada em Luanda para participar na Cimeira da CPLP, o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, aproveitou a visita para tentar interceder a favor da IURD, tendo pedido a João Lourenço que o Parlamento angolano recebesse uma comitiva de deputados brasileiros para negociar uma trégua na crise dentro da IURD.
Fontes da VOA indicaram que Mourão terá pedido também ao Presidente angolano que garantisse um tratamento justo à igreja nos processos judiciais, mas que João Lourenço não reagiu positivamente a nenhum dos pedidos.
Até agora, não houve qualquer pronunciamento da IURD ou dos advogados de defesa dos réus.