Eugénio Laborinho acusa o Movimento Protectorado Lunda Tchokwe de estar interessado no garimpo e a serviço de estrangeiros
O Ministro do Interior de Angola acusou os deputados da UNITA que se deslocaram a Cafunfo, segundo ele ilegalmente, para criar mais confusão e garantiu que não vai dialogar com “bandidos” do Movimento Protectorado Lunda Tchokwe.
A UNITA responde dizendo que Eugénio Laborinho não conhece a lei e que os deputados foram eleitos pelo povo.
A posição do ministro surge depois dos confrontos registados entre as forças da ordem e cerca de 300 manifestantes que pediam diálogo com o Governo no Cafunfo e dos quais resultou um número ainda desconhecido de mortos.
“Acha que nós vamos, o Governo vai sentar e conversar com esta gente? Se estão à espera vão esperar sentados, não há conversa com esta gente, eles é que devem ganhar consciência que estão no caminho errado”, afirmou o ministro na terça-feira, 2, em conferência de imprensa em Luanda, na qual acrescentou que “o interesse desta gente é o garimpo onde os estrangeiros dominam e comandam os angolanos que ali vivem”.
“É só ver a quantidade de estrangeiros que prendemos, congoleses, malianos, senegaleses, libaneses, mauritanianos, e o angolano sempre em baixo, são os estrangeiros que comandam as operações”, denunciou Laborinho quem também acusou os deputados da UNITA, que se deslocaram ao Cafunfo, de agir ilegalmente e criar confusão.
“Os deputados têm que ter autorização do presidente da Assembleia Nacional para saírem, mas estes deputados foram para lá de forma ilegal, para fazer o quê, mais confusão, eles foram ilegalmente”, reforçou o ministro do Interior.
A partir de Cafunfo, onde se encontra numa missão do grupo parlamentar do partido para conhecer a situação no terreno, Joaquim Nafoia afirma que o governante está totalmente equivocado e mostra que não conhece como funciona a Assembleia Nacional.
“Aconselho o ministro do Interior a arranjar um professor de direito, para receber aulas sobre regimento interno da Assembleia Nacional, está totalmente equivocado”, respondeu Nafoia, para quem Laborinho usou a conferência de imprensa para justificar suas falhas.
“O ministro faltou ao respeito aos deputados que são eleitos, pelo povo, quem tutela a Polícia de Guarda Fronteira, a polícia de migração, é ele o ministro, então como é que os estrangeiros entraram? O ministro esperou que os tais terroristas estrangeiros se infiltrassem no meio do protectorado, para assassinar as pessoas e depois vir justificar? Ele usou a conferência para justificar a sua própria incompetência”, afirmou Nafoia.
Durante a conferência de imprensa, questionado se vai colocar o cargo à disposição, o ministro advertiu que “é preciso um pouco de cuidado ao falar”.
“Acha que todos os actos cometidos na via pública a culpa é minha? O ministro é que manda fazer? Se o senhor quiser ocupar o meu lugar pode vir, venha ser ministro do interior, eu convido-lhe e vai ver como é?”, respondeu.
A Polícia Nacional, cujo comandante-geral Paulo de Almeida, abriu um inquérito para apurar os responsáveis pelo “atentado”, segundo ele, fala que houve seis mortes, mas a Amnistia Internacional confirma a existência de, pelo menos, 10 mortos e muitos desaparecidos.
Fontes independentes admitem que há pelo menos 27 mortos e familiares de vítimas dizem que 20 corpos despareceram da morgue.