O MPLA disse não haver qualquer investigação em curso à volta do Presidente João Lourenço e acusou “sectores portugueses e angolanos” de estarem na origem de uma “campanha para ofuscar a cruzada contra a corrupção e desacreditar as instituições angolanas”.
Em declarações à VOA nesta quinta-feira, 18, o porta-voz do partido no poder, Albino Carlos, reagia à notícia publicada recentemente pelo jornal português Expresso, dando conta que o Presidente angolano está a ser investigado há um ano por procuradores americanos que acreditam ter provas de violações da legislação dos Estados Unidos por parte de Chefe de Estado, família e parceiros de negócios.
Carlos aponta a empresária Isabel dos Santos e “círculos portugueses indiciados nos crimes de corrupção em Angola” como principais promotores dessa campanha por, alegadamente, “estarem descontentes com as transformações políticas e sociais em curso no país”.
“Porque muitos dos desvios e roubos da coisa pública tinham como poiso Portugal e beneficiaram mais a economia portuguesa”, acrescentou Albino Carlos, quem assegura que tal campanha não “não terá sucesso nem irá frenar” o combate à corrupção liderado pelo Presidente angolano.
O porta-voz do MPLA afirmou que o seu partido lamenta a falta de solidariedade por parte da oposição e em especial a UNITA, sustentando que o combate à corrupção “é um imperativo nacional”.
Revelações
Na segunda-feira desta semana o jornal português Expresso, publico um relatório da consultoria Pangea-Risk revela que o Presidente João Lourenço e pessoas próximas ao chefe de Estado angolano estariam a ser investigadas por procuradores dos Estados Unidos. A Pangea-Risk tem sede nas Maurícias e analisa informações para gestão de risco sobre negócios em África e no Médio Oriente.
A consultora assegura que a investigação sobre o Presidente pode “diminuir a capacidade de Angola manter acesso a financiamento multilateral e reestruturar com sucesso o pesado farto de dívida”, publica o semanário português..
As investigações já estariam a correr há um ano. Os procuradores americanos estariam a observar atividades supostamente ilegais do Presidente e da primeira-dama Ana Afonso Dias Lourenço.
A matéria assinada pelo jornalista Miguel Prado menciona que o ministro da Energia João Baptista Borges, o antigo vice-presidente Manuel Vicente, o advogado Carlos Feijó e os empresário Carlos Cunha também são citados pelo relatório da Pangea-Risk.
Fraudes bancárias
Os motivos da investigação são suspeitas de violação do Foreign Corrupt Practices Act (FCPA), a legislação sobre corrupção de funcionários públicos americanos no estrangeiro.
“A família [de João Lourenço] está a ser investigada por numerosas violações do FCPA, transações ilegais, fraudes bancárias para a compra de imóveis nos EUA, e uma conspiração para defraudar o Departamento de Justiça dos EUA”, destaca a reportagem do jornal Expresso.
O relatório da Pangea-Risk, segundo cita o jornal português, menciona subornos que teriam sido pagos pela construtora brasileira Odebrecht a empresas controladas por João Lourenço, Ana Afonso Dias Lourenço e pessoas próximas. O texto relaciona também empresas públicas e privadas que estariam em certo nível vinculadas ao Presidente.
Os partidos da oposição, UNITA, CASA-CE e PRS, reagiram dizendo que há muito têm denunciando essas práticas dos dirigentes do MPLA.