Angola: Novo Arquivo Nacional garante conservação e longevidade do acervo

Construído numa área de 33 mil metros quadrados, na localidade da Camama, em Luanda, o novo Arquivo Nacional de Angola está projectado para garantir a conservação e longevidade de documentos, revistas, livros, mapas, peças de arte e outro material de interesse histórico para o país. A estrutura, inaugurada ontem, pelo Presidente da República, João Lourenço, tem 69 salas de arquivo, 39 escritórios, oito laboratórios, três áreas de exposições, nove salas de formação e um auditório, com capacidade para 300 pessoas, que leva o nome do escritor e nacionalista Mendes de Carvalho.

 
O Presidente da República, João Lourenço, considerou, ontem, em Luanda, o Arquivo Nacional de Angola uma importante infra-estruturas moderna e, por isso, defendeu a criação de um fundo que sirva para a manutenção mínima das instalações.
 
As instalações do Arquivo Nacional, que tem a missão de promover a política arquivística e coordenar o Sistema Nacional de Arquivos, foram inauguradas, ontem, pelo Chefe de Estado.
Com cinco pisos e um custo de 97 milhões de euros, o Arquivo Nacional tem áreas de gestão geral, pesquisa, laboratórios e oficinas, auditório, arquivo e administração, bem como serviços de apoios.
 
“Uma infra-estrutura destas tem que ter orçamento, quer venha do OGE, quer resultante de receitas que devem ser recolhidas”, defendeu o Presidente João Lourenço para quem a utilização do espaço deve obedecer a critérios que não sejam pesados para o bolso do utilizador, para que “possa vir aqui o maior número de vezes possível”.
 
Ao comparar as antigas instalações com as novas, João Lourenço disse que aquelas tinham o “acervo muito mal conservado”, uma vez que ocupava um espaço alugado e com condições precárias que não davam garantia da longevidade do material arquivado.
 
Com as modernas instalações, o Presidente acredita que o país terá, não só a capacidade de recolher, seleccionar, desinfectar, conservar os materiais e documentos, revistas e livros, mapas, peças de arte, como também garantir muito maior longevidade dos arquivos.
 
O Chefe de Estado considerou, também, o Arquivo Nacional não só um ganho para os estudantes, estudiosos e pesquisadores de várias ramos da ciência, mas, sobretudo, da cultura e da História, pois têm, agora, um espaço com boas condições para poderem trabalhar.
 
João Lourenço apelou a todos os trabalhadores e utilizadores a esforçarem-se no sentido de conservar, da me-lhor forma possível, todo o acervo e equipamento a que tiverem acesso, pois houve um grande investimento.
O ministro da Cultura, Turismo e Ambiente, Jomo Furtunato, afirmou que a inauguração do Arquivo Nacional abre uma nova era na coordenação e modernização científica, dois eixos centrais da política arquivística nacional.
 
Segundo o ministro, o edifício surge da necessidade de concretização da agenda do Plano de Desenvolvimento Nacional que prevê, para o domínio da Cultura, a implementação do Sistema Nacional de Arquivos.
Jomo Furtunato disse que o novo edifício vai permitir melhor acomodação da documentação pré-existente no antigo Arquivo Histórico Nacional. Vai, também, propiciar a incorporação dos documentos dos órgãos de soberania produzidos depois de 1975, incluindo o espólio de natureza política e cultural, disperso pelo mundo.
 
“Angola dará um passo importante no domínio da investigação em ciências humanas e sociais, num espaço onde se podem encontrar textos que datam do século XVI”, afirmou, ao referir-se ao Arquivo Nacional.

Recolha de documentação

 
O governante entende que a inauguração do Arquivo Nacional é, igualmente, uma oportunidade para se proceder à recolha de toda a documentação existente no exterior do país, criando um elo de funcionalidade orgânica com outras instituições congéneres, de prestígio que conservam documentos de e sobre Angola.
 
A directora do Arquivo Nacional, Alexandra Aparício, disse que se pretende, também, colocar a documentação em formato digital na base de dados para que Angola tenha o acervo digitalizado. O Arquivo Nacional, explicou, guarda a documentação produzida nos órgãos da função pública nos seus variados formatos. Alexandra Aparício afirmou que existe documentação sobre Angola nos cinco continentes, tendo sido identificados alguns arquivos em Portugal.
 
“Já foram feito inventários em alguns arquivos em Portugal e aguardam disponibilidade para a digitalizações”, informou a gestor, esclarecendo que se trata de um trabalho que deve ser feito por investigadores e pesquisadores que fazem inventários, localizam e preparam a digitalização que deve ser paga.
 
A responsável do Arquivo Nacional disse existir uma parceria com a UNESCO e que Angola já conseguiu colocar, em 2011, no programa “Memória do Mundo”, daquela agência da ONU a documentação sobre os Dembos.
“O programa Memoria do Mundo é equivalente ao Património Mundial”, esclareceu Alexandra Aparício, prometendo trabalhar para colocar mais documentos na UNESCO.

Homenagem a Agostinho Mendes de Carvalho

 
Depois da inauguração do edifício, o Presidente da República fez uma visita guiada ao Arquivo Nacional, tendo recebido explicações detalhadas sobre o complexo que fica localizado numa área estratégica, na confluência com o campus da Universidade Agostinho Neto, perto do Estádio 11 de Novembro e de outros edifícios públicos.
 
O projecto está implantado num terreno, com 33.476.00 metros quadrados, incluindo arruamentos internos e parque de estacionamento.
O auditório, com capacidade para albergar 300 pessoas, homenageia a memória e obra do nacionalista e escritor Agostinho Mendes de Carvalho.
 
André Mendes de Carvalho, filho do nacionalista, agradeceu o gesto, salientando: “onde quer que o meu pai esteja, estará bastante satisfeito”.
“Eu sei que a ideia de dar ao auditório o seu nome teve a intervenção pessoal do Presidente da República. Então um agradecimento muito especial a ele e manifestar a minha satisfação por isso”, disse o presidente da coligação CASA-CE. André Mendes de Carvalho considerou o Arquivo Nacional de Angola “uma estrutura de muita utilidade para o país”.
 
Defendeu que seja bem cuidado e espera que reforce a memória sócio-cultural do país. O também deputado espera, igualmente, que o Arquivo Nacional sirva de base para estudiosos e investigadores para se ter “uma História de Angola mais perfeita e coesa”.
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