Angola: Oposição acusa “MPLA de tentar branquear a sua imagem”

MPLA promove debate parlamentar sobre corrupção em Angola

O debate parlamentar promovido pelo MPLA na semana passada sobre o combate à impunidade como factor primordial à boa governação está a ser entendido por analistas como mais uma tentava de branquear a imagem do partido no poder.

A oposição diz que o combate à corrupção não será possível com o MPLA no poder.

O reverendo Elias Isaac entende que com esta atitude “o MPLA está à procura do que chamou de uma “auto-amnistia” perante os erros de governação que cometeu ao longo dos anos.

“O MPLA traiu os próprios objectivos da sua luta”, afirma aquele analista que defende a refundação desse partido histórico de Angola.

Por sua vez, o jornalista Ilídio Manuel acusa o MPLA de “não estar a ser suficientemente honesto” e de possuir “um discurso duplo”.

Mea culpa

O MPLA reconheceu, num relatório apresentado aos deputados à Assembleia Nacional, que “a corrupção no país estava instalada nos órgãos da administração central do Estado, no aparelho judicial, governos provinciais, administrações locais e órgãos de defesa e segurança, tendo, ao longo do tempo, criado ramificações e estrutura própria, com hierarquia e voz de comando”.

O relatório ressalva, no entanto, que em 2019, foram registadas “melhorias consideráveis” em termos de combate a estes fenómenos, socorrendo-se dos recentes dados elaborados pela organização não governamental Transparência Internacional e dos relatos da Direcção Nacional de Investigação e Acção Penal e do Serviço Nacional de Recuperação de Activos da Procuradoria-Geral da República (PGR).

A vice-presidente do MPLA, Luisa Damião, reforçou, na ocasião, que “o combate à corrupção e impunidade é hoje uma realidade insofismável”, tendo destacado o apoio das instituições financeiras e de protecção dos direitos humanos no combate àqueles fenómenos.

Entretanto, o antigo secretário-geral do MPLA, Álvaro Boavida Neto, assumiu que grande parte de membros do partido cometeu erros que prejudicaram os cidadãos angolanos durante os anos, especialmente em matéria de corrupção e impunidade.

“Todos nós fizemos mal aos nossos cidadãos. Doravante precisamos de difundir a misericórdia”, disse Boavida Neto.

Na visão daquele dirigente do MPLA “em todas as sociedades há santos e pecadores, mas os santos foram sempre uma espécie rara” e manifestou a esperança de que o passado não se repita.

O também deputado afirmou que quem cometeu os erros tem que estar preparado “porque a qualquer altura pode ser chamado para responder na justiça”.

A oposição parlamentar foi, entretanto, unânime em defender que o combate à corrupção e a impunidade não será possível em Angola, enquanto continuar no poder o mesmo partido e as mesmas pessoas que promoveram tais práticas.

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