Angola: Polícia Nacional (PN) anuncia interdição dos “templos da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD)” e espera aval do tribunal

O acesso aos templos da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em Angola continua interdito até o tribunal notificar as autoridades policiais para o seu levantamento, anunciou hoje o Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional.

A informação foi transmitida pelo porta-voz da polícia em Luanda, Nestor Goubel, afirmando que a corporação começou a desenvolver uma operação policial “conducente a garantir o cumprimento da ordem de interdição proferida pelo tribunal”.

Segundo o oficial da polícia, a medida surge devido à “reiterada violação à providência cautelar por parte de alguns líderes religiosos e crentes da IURD.

“Na fase inicial do processo-crime que decorreu contra a igreja universal a polícia foi requisitada para acompanhar a selagem destes templos e também para garantir a sua inviolabilidade”, recordou Nestor Goubel.

Face a decisão que orienta a restituição dos templos, realçou, “há necessidade de o tribunal notificar as autoridades policiais para que se proceda ao levantamento das interdições e também para que se dê instruções sobre a entidade responsável para a receção dos imóveis”.

“Motivo pelo qual a polícia em Luanda vem apelar a todos os crentes para respeitarem a tramitação processual administrativa para a entrega definitiva dos templos”, exortou o superintendente da polícia angolana.

Um acórdão do Tribunal da Comarca de Luanda, datado de 31 de março de 2022, absolveu os pastores da IURD dos crimes que vinham sendo acusados e determinou o “levantamento das apreensões e a restituição imediata” os templos, encerrados há dois anos, como disse na terça-feira o bispo Alberto Segunda.

Alberto Segunda (líder da ala brasileira), que falava em conferência de imprensa, deu conta que a reabertura dos templos da IURD, há uma semana, foi seguida de alegadas “ameaças e intimidações” por parte de responsáveis do Instituto Nacional dos Assuntos Religiosos (INAR) angolano e de agentes da polícia contra os seus fiéis.

O bispo angolano pediu, na ocasião, a intervenção do Presidente angolano, João Lourenço, para “mediar o conflito” que persiste, sobretudo em relação aos mais de 100 templos, e uma “atenção especial” aos mais de 500 mil de fiéis.

A direção da IURD reconhecida pelo INAR é encabeçada pelo bispo Valente Bizerra Luís, que coordenava a comissão de reforma que entrou em conflito com a liderança brasileira da IURD em 2019.

Ambas as alas – a de origem brasileira, liderada agora pelo angolano Alberto Segunda, e a ala dissidente, angolana, dirigida por Bizerra Luís – reclamam ser as legítimas representantes da igreja fundada por Edir Macedo.

A IURD conta com mais de 100 templos próprios espalhados nas 18 províncias angolanas.

 

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