Angola: Sonangol mantém “posição na GALP”

A Sonangol, não querendo cortar as suas novas fontes de liquidez face a dívidas pesadas, pretende manter a sua participação na Galp, sobretudo porque a empresa portuguesa de energia investiu no promissor sector do gás em Moçambique.

De acordo com o site Africa Intelligence, a onda de sell-offs levada a cabo pela petrolífera não deverá afectar a sua participação indirecta de 16% na portuguesa Galp.

O PCA da Sonangol, Sebastião Pai Querido Gaspar Martins, repetiu esta mensagem no final de Janeiro. A indicar a importância do investimento, o próprio chefe de Estado João Lourenço afirma desde 2019 que a Sonangol não iria vender a sua participação na empresa portuguesa.

A sua participação na Galp oferece à Sonangol uma dupla vantagem. Permite-lhe obter novo dinheiro sob a forma de dividendos, que se tornou uma mercadoria rara em Angola à medida que o país sufoca nas dívidas do petróleo. O país não consegue lucrar com as receitas do petróleo, uma vez que a maior parte do petróleo que exporta é usada para pagar a sua dívida considerável para com a China.

Devido à pandemia de Covid-19, a Sonangol não deverá receber muito em termos de dividendos da Galp em 2020. A empresa portuguesa registou um prejuízo líquido de € 23 milhões no terceiro trimestre, que compara com um lucro de € 101 milhões no mesmo período de 2019.

A Sonangol continua confiante, porém, que a Galp voltará a ter lucro assim que a crise passar.

Promessa moçambicana

A Sonangol também conta com as receitas que espera da produção de gás na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique.

A Galp detém uma participação de 10% no bloco 4 em Moçambique, que é operado em conjunto pela ExxonMobil e pela ENI.

A Sonangol detém a sua participação na Galp através da sua subsidiária holandesa Esperaza Holding, que detém, ela própria, uma participação de 45% no accionista maioritário da Galp, a Amorim Energia. A Esparaza Holding é 60% detida pela Sonangol e 40% pela Exem Energy, que pertencia ao marido de Isabel dos Santos, Sindika Dokolo, falecido no final de outubro passado.

A Sonangol acredita que Dokolo comprou a sua participação na holding holandesa em 2006 por um preço baixíssimo e iniciou uma acção legal contra a Exem na câmara comercial do tribunal de apelação de Amsterdão em meados de setembro.

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