Funcionários da Endiama denunciam baixos salários e más condições de trabalho. Ameaça de greve surge numa altura em que trabalhadores da transportadora estatal de Luanda estão a ser demitidos depois de paralisação.
Na quarta-feira da semana passada (16.06) os trabalhadores da Endiama, reunidos em assembleia, deram uma moratória à entidade patronal para atender as suas necessidades num prazo de cinco dias. Uma semana depois, não houve nenhuma resposta oficial.
Os funcionários, na sua maioria engenheiros, exigem o pagamento do salário de acordo com câmbio oficial. Pedro Muxito, o primeiro secretário da comissão sindical, diz que os trabalhadores da segunda maior empresa pública angolana, depois da Sonangol, clamam por dignidade.
“Não há melhorias para uma vida digna dos trabalhadores e, principalmente, o problema do salário. O salário de 190 mil kwanzas não passa de 200 dólares e ainda nos pagam de acordo com o câmbio de 2014, que são 10 mil kwanzas. Isso é absurdo para a segunda empresa do país”, denuncia.
Carros de luxo e más condições de trabalho
Os trabalhadores da diamantífera protestam também contra a aquisição de carros de luxo para os chefes de departamento, enquanto a empresa se furta a atualizar os salários.
O sindicalista Muxito diz também que a Ediama não está cumprir o decreto presidencial sobre as medidas de prevenção da Covid-19. “A nossa empresa é vista como grande, mas não tem condições para teletrabalho. São as mesmas pessoas que trabalham enquanto as outras estão em casa sem fazer nada”.
“Por isso, aconselhamos que ao invés de manter os trabalhadores em casa, se não tiver condições de computadores portáteis e internet para o teletrabalho, a empresa tem condições de arrendar os prédios que a PGR confiscou. É uma empresa pública, pode dialogar e alugar esses edifícios para que os trabalhadores continuem a dar o seu máximo”, afirma o líder sindical dos trabalhadores da Endiama.
Não há recuo na decisão da greve, dizem os funcionários. Os trabalhadores podem iniciar a paralisação ainda esta quinta-feira (24.06). Entretanto, Antónia Vitória do departamento dos Recursos Humanos, pediu ponderação aos trabalhadores.
“A partir 2018 que foi entregue o caderno reivindicativo e muita coisa foi feita. Os tais carros que foram adquiridos não são para o Conselho de Administração. São mesmo também para os filiados da comissão sindical. As assimetrias que foram ditas aqui, temos aqui colegas da direção dos recursos humanos que podem dizer o que está ser feito. Apelo a todos que continuemos com o diálogo. O diálogo é sempre a melhor forma de resolver os nossos problemas”, apelou.
Trabalhadores demitidos
Enquanto isso, mais de 300 funcionários que em abril realizaram uma greve contra as constantes violações dos direitos trabalhistas na empresa pública Transporte Coletivo Urbano de Luanda (TCUL) foram notificados com processos de despromoção e despedimentos.