O crescente número de casos de tráfico de menores, que se regista diariamente na província do Namibe, está a preocupar as autoridades policiais que prometem tudo fazer para controlar a situação
Para contrapor a situação, o Comando Provincial da Polícia Nacional no Namibe, está a desenvolver, desde ontem, uma operação na localidade das Mangueiras, município da Bibala, fronteira com a cidade do Lubango, capital da província da Huíla.
Na referida operação, na qual participam oficiais da 6ª Região Tributária, em parceria com os comandos provinciais da Polícia Nacional na Huíla e do Namibe, estão a fiscalizar as viaturas que circulam entre as duas províncias, que muitas vezes transportam crianças sem o aval dos seus pais ou tutores.
O 2º Comandante Provincial da Polícia Nacional, Subcomissário Fernando Feliciano António, embora não tenha revelou o número exacto de crianças que tenham sido traficadas no Namibe, informou que o tráfico de menores, tem como principal proveniência o interior da província da Huíla, com realce para os municípios da Humpata, Gambos, Quipungo e Chibia.
De acordo com o oficial superior, que também faz parte do grupo destacado no posto de rastreio para a Covid-19 das Mangueiras, as crianças provenientes da província da Huíla têm como principais destinos as fazendas e alguns estabelecimentos comerciais da cidade de Moçâmedes.
Descarta a possibilidade de haver, entre as duas províncias, uma rede de traficantes e incitação à pratica de prostituição em menores, porém afirma que além das fazendas, o município piscatório do Tômbwa tem sido um dos destinos dos menores atraídos pelo mar.
“Estas crianças que vêm principalmente da província da Huíla, são colocadas a trabalhar em fazendas, aqui no Namibe. Temos, igualmente, o registo de crianças que saem do Namibe para a província da Huíla, concretamente na cidade do Lubango”, disse.
Entretanto, fontes deste jornal junto do Gabinete de Atendimento à Criança e Adolescente, do Comando Municipal do Lubango, afirmam que, só nas últimas semanas, três crianças com idades compreendidas entre os 13 e 16 anos, terão saído a pé da cidade de Moçâmedes para o Lubango.
Segundo as fontes, estas crianças foram supostamente chamadas por um tio, e postos no Lubango, não conseguiam localizar a casa do mesmo, pelo que tiveram de ser encaminhadas ao Gabinete de Atendimento à Criança e Adolescentes (GACA).
Participação da AG T na operação
O Subcomissário Fernando Feliciano António explicou que a presença da Administração Geral Tributária da 6ª Região, que compreende as províncias da Huíla e do Namibe, deve-se ao facto de entre as duas parcelas do território nacional, muitas das vezes, circularem mercadorias que merecem ser declaradas e que os seus proprietários furtam-se em fazê-lo.
Com esta medida, segundo disse, pretende-se diminuir a fuga ao fisco, bem como minimizar a entrada de produtos duvidosos provenientes das duas províncias, além da entrada ou saída de materiais roubados.
Por outro lado, o segundo comandante do Namibe assegurou que, por agora, a referida operação conjunta não tem carácter punitivo, sobretudo para aquelas pessoas que viajam com crianças.
“Ainda não tem um carácter punitivo, porque a missão da Polícia Nacional reveste-se igualmente da característica pedagógica. Por isso, estamos aqui para sensibilizar aqueles que pretendem sair ou entrar, no Namibe ou Lubango, com crianças menores, deverão exibir um documento que ateste a relação existente entre eles”, esclareceu.
O responsável detalhou também que depois de terminada a fase de sensibilização, todo o cidadão que estiver a viajar com uma criança e que não apresentar qualquer documento probatório da sua relação, será impedido de o fazer e, as crianças que viajam sem um adulto serão devolvidos à procedência.