Angola: Verdadeira “reserva alimentar” só com produção interna, dizem especialistas

Sem sementes agrícolas em fase de regresso da chuva, Angola pode estar a perder uma boa oportunidade para criar o que se considera ser de uma “verdadeira reserva alimentar”, advertem especialistas em matéria de produção. Com alguma chuva a regressar, agricultores sem sementes clamam por ajuda.

Cinco dias depois do início da transportação de 33 mil toneladas de milho do Porto do Lobito para a Carrinho Empreendimentos, ligada à gestão da REA, o produtor Cabral Sande lembra que Angola está a desperdiçar a chuva dos últimos dias para garantir alimentos para daqui a cinco meses.

A partir do Egipto Praia, Benguela, Sande diz que outros bens que chegam com o cereal também podem ser produzidos internamente.

“Clama-se por semente, por dinheiro, por apoio, poor tudo, neste caso”, disse acrescentando que não se pode constituir uma reserva alimentar “com números irrisórios que estão a ser importados e com o monopólio de uma só estrutura”

“Se um Governo com muitos elementos não conseguiu resolver o problema, fracassou em quatro anos de mandato, é uma estrutura que vai servir o país?”, questiona o produtor.

Há também falta de sementes também no Huambo, igualmente agraciada com alguma chuva, conforme o relato do técnico José Maria Katyavala, membro de direcção da Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (Adra).

“Há uma gritante falta de sementes, os agricultores esgotaram a sua reserva, ficando sem nada”, disse.

“Os apoios do Estado foram insignificantes, e estas preocupações são gerais, sobretudo no Centro Sul”, acrescentou o especialista.

A prevalecer o quadro, segundo Maria Katyavala, Angola vai continuar a alimentar um problema com reflexos na sua soberania.

“O país tem condições naturais para produzir alimentos, mas é evidente que há coisas e medidas que não foram tomadas … então continua com limitações”, salienta, acrescentado que “a alimentação é uma questão de soberania, porque um Estado que não dá à sua população pode abanar a soberania”.

Não foi possível obter a versão do Ministério da Agricultura e Pescas, que importava, há dois anos, 90 por cento das sementes para o país.

É neste contexto que o deputado João Pinto, da Bancada Parlamentar do MPLA, partido no poder, defende, nas redes sociais, uma reserva alimentar a resultar da produção interna, mas fala em situação de emergência.

 

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