COVID-19: China prende “jornalistas cidadãos”, que deram notícias sobre a COVID-19. Alguns continuam desaparecidos

Zhang Zhan, ex-advogada de 37 anos, enfrenta cinco anos de prisão após cobrir o surto de Covid-19 em Wuhan. Outros “jornalistas cidadãos” foram detidos e alguns continuam desaparecidos.

Uma “jornalista cidadã” chinesa, que durante 2020 cobriu o surto de Covid-19 em Wuhan, enfrenta agora uma pena de cinco anos de prisão, escreve a CNN.Zhang Zhan, ex-advogada de 37 anos, está detida desde maio e é acusada pelas autoridades chinesas de “provocar problemas”, uma acusação feita recorrentemente contra ativistas na China.

Em fevereiro deste ano, Zhang Zhan esteve em Wuhan e narrou o que via no epicentro da pandemia através de diferentes redes sociais — informação considerada “falsa” pelas autoridades — e está detida há mais de seis meses em Xangai (esteve em greve de fome durante o mês de setembro em protesto contra a sua detenção). Além de ter criticado o governo chinês, tendo em conta a forma como a pandemia foi gerida, expôs situações em que outros “jornalistas cidadãos” também foram detidos.

Zhan está efetivamente longe de ser a única “jornalista cidadã” a ter problemas na China, com os relatos de desaparecimentos a serem frequentes. A CNN salienta que pelo menos três ativistas estavam desaparecidos desde fevereiro último: Li Zehua reapareceu em abril, afirmando que tinha estado numa quarentena imposta pela polícia que o vigiou 24 sobre 24 horas; Chen Qiushi, desaparecido desde fevereiro, também voltou a aparecer, enquanto o destino de Fang Bin continua por desvendar.

Bin, comerciante têxtil de Wuhan, estava desde o final de janeiro a publicar vídeos no Youtube onde narrava os dias vividos na cidade (num deles viam-se vários cadáveres em sacos no interior de uma carrinha às portas de um hospital); Fang Bin foi detido e acusado de difundir notícias falsas e de receber dinheiro de organizações estrangeiras para fazer os vídeos, tal como explica o espanhol El Mundo. Depois de colocado em liberdade, voltou a divulgar vídeos e desapareceu definitivamente a 9 de fevereiro.

Também em fereveiro desapareceu o professor de Direito e ativista Xu Zhiyong, detido após criticar o governo através de uma carta dirigida ao presidente chinês, pedindo a Xi Jinping que renunciasse ao poder na sequência da crise pandémica.

Ana Cristina Marques

OBSERVADOR 

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