COVID-19: Presidente angolano quer mais “solidariedade internacional” e melhor acesso às vacinas

O Presidente angolano apelou hoje à solidariedade dos parceiros internacionais para ajudar o continente africano a recuperar dos estragos da crise sanitária global, salientando que é “urgente” corrigir as dificuldades de acesso às vacinas nestes países.

João Lourenço dirigia-se aos Presidentes de Cabo Verde, Jorge Fonseca, de Moçambique, Filipe Nyusi, da Guiné-Bissau, Umaru Sissoco Embaló, da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, e de São Tomé e Príncipe, Jorge Bom Jesus, na abertura da Conferência dos chefes de Estado e de Governo do Fórum PALOP que se realizou hoje, de forma virtual, em Luanda.

O Presidente angolano salientou que estes países têm encontrado obstáculos diversos que retardam o seu desenvolvimento e comprometem os seus objetivos, referindo exemplos como a volatilidade dos preços das matérias-primas, bem como, nos últimos tempos, o impacto da covid-19.

“Com o surgimento das vacinas, estamos a ver atualmente uma luz ao fundo do túnel, no percurso que temos feito para encontrar soluções que ajudem a mitigar os efeitos da pandemia da covid-19”, assinalou o dirigente angolano.

“É preciso fazer perceber os nossos parceiros internacionais que o continente africano precisa de muita compreensão e solidariedade para nos recompormos dos estragos e dos prejuízos que esta crise sanitária global provocou nos nossos países”, considerou.

Além disso, “é urgente” corrigir a atual realidade do difícil acesso às vacinas por parte dos países africanos “que não têm capacidade própria de produção local das vacinas, não têm grandes recursos financeiros para as adquirir e com isso correm o sério risco de ver suas populações virem a ser vacinadas apenas depois de o mundo mais desenvolvido o ter feito”.

O chefe de Estado angolano expressou também aos seus homólogos preocupação quanto à “instabilidade e conflito permanente que prevalecem no continente e agravam os dramas sociais e humanitários da população”.

“Não nos podemos conformar com esta realidade. Na nossa qualidade de um grupo de países africanos ligados por uma história e luta comuns, preocupa-nos a situação de conflito que assolam a República irmã de Moçambique, alguns países da Região dos Grandes Lagos e da CEEAC [Comunidade Económica dos Estados da África Central], e da Região do Sahel no nosso continente”, sublinhou.

No seu discurso, João Lourenço enfatizou que transcorreu um período logo sem que os líderes dos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP) se reunissem para abordar questões de interesse comum e dinamizar ações que aprofundassem a cooperação entre si, considerando essencial “estabelecer um entendimento conjunto sobre as formas de dinamizar o funcionamento da organização nos interesses de todos os Estados-membros”.

Lourenço destacou a importância de uma ação coordenada na luta pela autodeterminação dos PALOP no passado, “crucial” para vencer o domínio colonial, frisando que se mantêm os ideais dos “pais das independências” no sentido de construção de uma África próspera, unida e desenvolvida.

O chefe de Estado angolano apelou aos seus homólogos que os respetivos países procurem “com regularidade concertar posições” que salvaguardem as suas preocupações e interesses, nos grandes fóruns e organizações internacionais em que participam, para colher os melhores resultados.

“Acredito que se formos capazes de potenciar o uso das capacidades materiais e intelectuais que cada uma das nossas nações possui, estaremos em condições de nos complementarmos nos domínios da educação, saúde, defesa e segurança, entre outros. Preconizamos um intenso movimento entre os nossos países, de empresários, académicos, turistas, investigadores e estudantes, e de agentes da cultura e da ciência”, frisou.

Um “capital”, reforçou, que deve servir de base para aprofundar os laços de amizade, bem como a cooperação económica e intercâmbio comercial.

Para João Lourenço os posicionamentos estratégicos consensuais devem ser também adotados em questões relativas ao clima, no sentido em que as decisões não condicionam o direito destes países, que sofrem “uma forte incidência dos graves efeitos provocados pelas alterações climáticas, ao desenvolvimento”.

O Fórum PALOP tem existência legal desde 2014 e é um mecanismo de concertação político-diplomática e de cooperação entre os países africanos de língua oficial portuguesa.

A Guiné Equatorial, uma antiga colónia espanhola, aderiu à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em 2014, altura em que adotou o português como uma das línguas oficiais, juntando-se, nesta organização, a Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

 

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