Diplomacia: Angola e Portugal assinam protocolo para “reforçar segurança” e atualizar carta náutica angolana

Os institutos hidrográficos de Angola e Portugal assinaram hoje, em Luanda, um protocolo de cooperação visando a atualização da carta náutica angolana, desenvolvimento da cartografia, hidrografia, formação de quadros e maior segurança da navegação do país africano.

O acordo “por tempo indeterminado” foi rubricado na Academia do Porto de Luanda, entre o Instituto Hidrográfico e de Sinalização Marítima de Angola (IHSMA) e o Instituto Hidrográfico (IH) de Portugal.

O diretor-geral do IHSMA, Manuel Narciso, e o diretor-geral do IH, almirante Carlos Ventura Soares, foram os subscritores do protocolo numa cerimónia que contou com a presença do secretário de Estado para os setores da Aviação Civil, Marítimo e Portuário de Angola, Carlos Borges.

Ambas as instituições devem desenvolver, no âmbito deste protocolo, várias atividades no domínio da cartografia, hidrografia, sinalização náutica, oceanografia e na formação de quadros angolanos.

O objetivo é “dar um suporte técnico e científico nesta atividade que é muito importante para a segurança marítima”, explicou Manuel Narciso.

“Recordamos que vai agora entrar em funcionamento a cabotagem norte, Cabinda e Soyo, e precisamos garantir a segurança da navegação”, acrescentou.

Segundo o responsável, já decorrem em Angola trabalhos enquadrados neste protocolo, nomeadamente ações desenvolvidas entre um navio português e uma lancha do IHSMA “na colheita de dados para a atualização da carta náutica que será entregue já no primeiro trimestre de 2022”.

“Então, é uma vantagem para ambos os países, ambos institutos, vamos trabalhar em conjunto para que possamos garantir com maior eficiência, maior conforto de toda a navegação angolana”, assegurou o diretor-geral do IHSMA.

A atualização da carta náutica angolana, “desatualizada há muito tempo”, foi igualmente assinalada como uma das componentes do protocolo, cujos levantamentos hidrográficos estão já em curso.

Angola “está em processo de adesão” como membro da Organização Hidrográfica Internacional, em que Portugal já é parte, e o acordo “tem igualmente este pendor, sobretudo no capítulo da formação interna e do país europeu de quadros jovens angolanos”, frisou.

Por seu lado, o almirante Carlos Ventura Soares assinalou a relevância do protocolo em que Portugal “põe um grande entusiasmo porque vai permitir transmitir conhecimentos de modo que Angola cada vez mais fica autónoma” no que diz respeito à sua cartografia náutica.

“Ou seja, das cartas e mapas marítimos que permitem aos navios navegarem com segurança e essa questão dos navios em segurança é fundamental para melhorar a operacionalização dos portos de Angola”, apontou.

“E para melhorar o comércio de bens através dos portos, ou seja, um melhor conhecimento dos fundos marinhos e uma melhor segurança da operação dos navios vai permitir por exemplo que os custos os bens importados ou exportados diminuam”, realçou o almirante português.

Carlos Ventura Soares realçou que o protocolo “é vasto e implica igualmente melhorar tudo que tem a ver com a segurança marítima, cartografia, oceanografia, formação” que se prevê “já para 2022”.

O diretor-geral do IH de Portugal admitiu ainda, que na sequência dos ciclos de formação e com os conhecimentos absorvidos, Angola poderá ser “completamente autónoma dentro de cinco ou 10 anos” nos domínios da sua carta náutica, oceanografia e outros.

O secretário de Estado para os setores da Aviação Civil, Marítimo e Portuário de Angola valorizou, na ocasião, o protocolo realçando que “embora simbólico, encerra em si também uma visão estratégica na relação entre os dois países”.

“Temos a pretensão que este acordo seja o mais rapidamente materializado num plano de ação para que, efetivamente, eles decorram contributos válidos e avanços significativos naquilo que são as áreas que estão no seu escopo, na medida que precisamos desse instrumento para melhorar a nossa atividade”, notou Carlos Borges.

“Para nós é fundamental, 95% da nossa atividade de importação passa pela atividade marítima, o porto de Luanda é potencialmente um dos grandes beneficiários, mas não só, desta cooperação que vai fortalecer a atividade marítima e portuária de Angola”, reforçou Borges.

 

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