Eleição no MPLA: “Falta de democracia interna gera cenário de bajulação”

João Lourenço vai recandidatar-se à liderança do MPLA, mas não deverá ser candidato único no próximo congresso do partido. O engenheiro António Venâncio também quer disputar, mas precisa do apoio de dois mil militantes.

O Comité Provincial do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) aprovou esta terça-feira (19.10) o projeto de resolução sobre a candidatura de João Lourenço ao cargo de presidente do partido. Contra ele poderá concorrer António Venâncio, engenheiro civil que milita há 48 anos no MPLA.

Venâncio entende que a concorrência interna é um fator fundamental para que o partido possa resgatar a confiança do eleitorado e melhorar as condições de vida das populações.

“A falta de democracia interna gera um cenário de bajulação, nepotismo, idolatria ou endeusamento do líder”, disse durante uma conferência de imprensa em Luanda.

Apoio dos militantes

António Venâncio não integra o Comité Central nem o Bureau Político do MPLA, dois órgãos da direção do partido. Mas os estatutos permitem que concorra. Para que a sua candidatura seja aprovada, Venâncio terá que apresentar quase duas mil assinaturas de militantes, 100 em cada uma das dezoito províncias de Angola.

O político está confiante. António Venâncio entende que é preciso fazer mais do que João Lourenço tem feito no combate à corrupção. Por isso, propõe “uma candidatura com propostas alternativas para o desenvolvimento”.

Segundo Venâncio, este é o caminho para “melhorar o ambiente político nacional” e “relançar o pensamento político-económico para a construção de uma Angola nova, mais virada para resolução dos problemas do povo”.

Apelo à reeleição de João Lourenço

Mas candidatar-se contra o atual presidente do partido não deverá ser tarefa fácil. Ainda esta terça-feira, Paulo Pombolo, secretário-geral e coordenador do grupo de acompanhamento do MPLA em Luanda, apelou a todos os militantes que apoiem incondicionalmente João Lourenço.

“Peço a todos os membros do comité provincial que trabalhem com afinco. Mãos à obra para prepararmos convenientemente a nossa conferência, olhando na bandeira e no líder do nosso glorioso MPLA”, disse Pombolo, citado pela Rádio Nacional de Angola.

O líder do MPLA, a ser eleito no próximo congresso do MPLA, deverá ser o cabeça de lista do partido às eleições do próximo ano.

O VIII Congresso Ordinário do MPLA decorre de 9 a 11 de dezembro em Luanda. Neste mês começam as conferências provinciais para a eleição de dirigentes. Em Luanda, os militantes aprovaram a resolução da recandidatura do político Bento Francisco Bento ao cargo de secretário provincial, no próximo dia 30 de outubro.

 

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