Os Estados Unidos da América (EUA) anunciaram hoje, em Joanesburgo, cerca de mil milhões de dólares (931,3 milhões de euros) para o desenvolvimento multissetorial do corredor logístico do Lobito para ligar Angola, a República Democrática do Congo e a Zâmbia, na África Austral.
“Já alocámos cerca de mil milhões de dólares só em Angola para começar a fazer parte deste trabalho e continuaremos a expandir o que essa oferta implica em vários setores”, disse a funcionária governamental norte-americana Helaina Matza.
Em conferência de imprensa virtual organizada a partir da representação diplomática consular na capital económica sul-africana, a coordenadora especial interina da Parceria para o Investimento Global em Infraestruturas (PGI) do Departamento de Estado dos EUA destacou que o projeto pretende ser “multissetorial”, sublinhando que a iniciativa se realizará até 2028 em parceria com a União Europeia (UE), estando o investimento europeu ainda por definir.
Os países africanos anunciaram recentemente, à margem da Cimeira do G20, na Índia, o compromisso de desenvolver o “Corredor do Lobito”, que liga o sul da República Democrática do Congo e o noroeste da Zâmbia aos mercados comerciais regionais e internacionais através do porto marítimo do Lobito, em Angola, segundo as autoridades norte-americanas.
“A principal preocupação e interesse neste momento é garantir que estamos a fazer tudo o que podemos para ajudar a dar continuidade ao caminho-de-ferro de uma forma que realmente entre na Zâmbia e traga essa conectividade adicional para Angola e uma rota para o porto, isso levará algum tempo e julgo que temos um bom plano em andamento para ajudar a apoiar esses esforços”, explicou Helaina Matza à imprensa.
Nesse sentido, apontou o fim deste ano como a data para o início de um estudo de viabilidade do projeto regional africano em coordenação com os governos de Angola, RDCongo e Zâmbia.
Na ótica do Governo dos Estados Unidos, a nova linha ferroviária que liga a Zâmbia ao porto do Lobito será “o maior investimento individual dos EUA e da UE no continente africano numa geração”, visando “desbloquear o enorme potencial” existente no setor da ferrovia na África Subsaariana.
“Achamos que é bastante significativo que a União Europeia se tenha juntado a nós e dito que não só estamos a fazer isto ao lado dos EUA, mas também estamos a elevar isto como uma prioridade”, frisou a funcionária governamental norte-americana.
Além da infraestrutura ferroviária, Helaina Matza indicou que o projeto irá integrar também o desenvolvimento de comunicações móveis 5G assim como projetos na área das energias renováveis, nomeadamente solar, nos três países da região Austral do continente africano.
“Grande parte do investimento na infraestrutura, a pedido dos vários governos que fazem parte deste grupo, visa melhorar a conectividade através das suas fronteiras em todas as direções entre a Zâmbia e a RDCongo e, claro, Angola e Zâmbia também, e também podemos pensar em diferentes maneiras de apoiar essa implantação e chegar a acordos comerciais mais interessantes, sendo capazes de trazer algumas das empresas que já operam na nossa área estratégica, nomeadamente empresas de mineração (…), mas esperamos que alguns agronegócios adicionais e outras indústrias aproveitem essas rotas”, salientou.