EUA: Joe Biden promete “tolerância zero” para traficantes de armas

O Presidente norte-americano prometeu medidas duras para os traficantes que, diz, “vendem a morte e o caos” nas ruas dos EUA. Joe Biden assegurou que não haverá tolerância para quem vende armas.

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que haverá “tolerância zero” para os traficantes de armas que “deliberadamente” infrinjam as leis e a regulação existente, nomeadamente no que toca a antecedentes criminais.

Numa declaração ao país, o chefe de Estado norte-americano deixou uma “mensagem” para os traficantes, ao prometer que as autoridades irão atrás dos responsáveis e das licenças para vender armas. “Vamos garantir que [os traficantes] não podem vender morte e caos nas ruas”, assegurou.

Em abril, o líder norte-americano anunciou uma série de ações executivas destinadas a combater a violência armada no país, numa altura em que Biden se referiu a esta situação como uma “epidemia” e “vergonha internacional”.  No plano estava incluída a revisão de leis federais sobre armas de fabrico caseiro, que passariam a ter números de série para melhor controlo e no caso das pistolas alteradas, que se transformam em armas automáticas e passariam a ser registadas.

“A violência armada neste país é uma epidemia. E uma vergonha internacional”, referiu o presidente norte-americano, durante um evento na Casa Branca, enquanto falava perante sobreviventes de tiroteios em várias cidades dos EUA.

De acordo com um relatório do Conselho de Justiça Criminal, os homicídios aumentaram 30% nos EUA, bem como os ataques com armas nas grandes cidades, que subiram 8%. O estudo realça que este aumento coincidiu com os protestos que se foram desenvolvendo após o homicídio de George Floyd, apesar de ressalvar que “não existe uma conexão simples entre violência policial, protestos contra tal violência e violência comunitária”.

No mês passado, um estudo citado no New York Times revelou ainda que a venda de armas aumentou desde o início da pandemia de Covid-19, com cerca de 20% das armas a serem adquiridas por pessoas que se estreiam como proprietários. A pesquisa feita pela Universidade Northeastern, em colaboração com um centro de investigação de Harvard, refere que não só há mais armas, como há mais pessoas armadas.

O plano de Biden pode passar por dar resposta a estes problemas, assim como prestar apoio comunitário, adianta a Associated Press (AP), que refere que permanecem dúvidas sobre a eficácia dos esforços federais em acalmar o que se prevê que venha a ser um verão turbulento.

As taxas de criminalidade aumentaram depois de uma queda abrupta no período inicial da pandemia, criando dificuldades económicas e ansiedade.

A secretária para a imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, disse que Biden defende que o crescimento do crime é “inaceitável” e que haverá um foco específico em medidas “para conter o fluxo de armas de fogo usadas para cometer violência”.

No entanto, há questões políticas envolvidas e o plano de Biden mostra como o presidente democrata tem as opções limitadas nesta matéria.

Os passos da administração norte-americana vão no sentido de reprimir os vendedores de armas que violam a lei federal e ajudar a estabelecer forças de ataque em várias cidades que ajudem a travar o tráfico de armas. Há ainda o objetivo de procurar mais financiamento para a agência que segue a localização das armas no país.

No entanto, sublinha a AP, parte do plano de Biden é de caráter voluntário, com sugestões de reaplicação de fundos para combater a pandemia de Covid-19 em policiamento ou estratégias como empregos de verão para adolescentes. O impacto depende da adesão por parte das autoridades locais.

Biden, que já se declarou contra a ideia de cortar financiamento às forças policiais, advogadas na sequência de episódios de violência de polícias contra cidadãos, como o que vitimou George Floyd, admite, no entanto, que possam ser alvo de reformas.

Os republicanos rapidamente tentaram retratar as medidas da administração como estando fora do âmbito da ação do presidente, ligando-as a tentativas de controlar a polícia.

Um conjunto de grupos contra o crime e contra as armas aplaudiram a ação da Casa Branca.

“O presidente está a ajudar a uma muito necessária conversação sobre a redução do crime violento. Um maior investimento na intervenção comunitária vai ajudar a reduzir o crime violento”, disse Paul DelPonte, diretor do Conselho Nacional de Prevenção do Crime.

“Estratégias que aumentem o envolvimento público na segurança pública já demonstraram ser capazes de travar o crime. Colocar mais polícias treinados para a prevenção do crime nas ruas faz sentido”, acrescentou.

A Câmara dos Representantes passou dois projetos de lei a exigir a verificação de antecedentes em todas as vendas de armas de fogo, assim como uma revisão da venda 10 dias após a compra, mas não deverá passar no Senado, onde precisaria de algum apoio dos Republicanos.

Biden vai procurar mais transparência na informação sobre armas e maior coordenação entre estados, para além de pressionar o Congresso para aumentar o financiamento à Agência para o Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos, responsável pela regulação da venda de armas.

O Departamento de Justiça também vai criar forças de ataque em Chicago, Nova Iorque, Los Angeles, São Francisco e Washington D.C. para ajudar a neutralizar os traficantes de armas.

A polícia queixa-se de estar a lidar com um aumento da criminalidade e tensões contínuas com a comunidade, para além de afirmarem que os seus pedidos de apoio ficam sem resposta.

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