EUA: Presidente da UNITA diz que o “presidente angolano” deveria ter lançado ao MPLA o mesmo desafio de perdão que fez à UNITA

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De forma a separar o Estado dos partidos políticos

Saúdo os Digníssimos Senhores Vice-Presidentes, Secretário-Geral e Secretários Gerais Adjuntos, Membros do Comité Permanente da Comissão Política;

  • Saúdo os Membros do Conselho da Presidência;
  • Temos a grata satisfação da presença entre nós para além de todos os Secretários Provínciais do Partido, também a presença de todos os Secretários Provínciais-Adjuntos, das Vice-Presidentes da LIMA e da Secretária-Geral Adjunta da JURA.

Terá lugar amanhã a IV Reunião Ordinária do Comité Permanente do Partido e tal como ocorreu na última Reunião Ordinária, entendemos importante a realização deste Seminário constituído por um conjunto de diferentes temáticas que nos serão úteis para o aprimoramento da organização e gestão das estruturas do Partido, bem como para a mobilização da sociedade.

São inúmeros os desafios que os quadros enfrentam no seu dia-a-dia, pelo que o investimento na formação ou na capacitação dos quadros, são uma garantia para que o Partido continue a ser um instrumento reconhecido por cada angolano, como aquele que pode retirar o país do desastre em que se encontra e materializar um Estado verdadeiramente de Direito e Democrático.

Angola e os angolanos estão cansados de experimentar modelos fracassados, estão cansados de assistir aos assaltos e aos roubos ao erário público, estão cansados deste regime incapaz de concretizar a reconciliação genuína, cansados de assistir todos os dias á afirmação do Estado partidário, que vai sobrevivendo de cíclicas operações de marketing, muito onerosas, em que se explora ao limite o sentimento de um povo resiliente, corajoso e imensamente sofredor.

Este ano assistimos ao agravamento da crise económica; este ano vimos agravar-se a situação de fome e de seca nas províncias do sul e do centro do nosso país; este ano assistimos ao retomar de gravíssimas violações dos direitos humanos com a morte de cidadãos e que continuam impunes; este ano o país olha incrédulo para o miserável espetáculo que nos é oferecido todos os dias pelos órgãos de comunicação social público, que nunca como hoje se despiram do respeito à Lei, se distanciaram da deontologia jornalística, despiram-se da pluralidade nos seus conteúdos, esqueceram o contraditório e desfilam numa surpreendente e extraordinária exposição pública, com visibilidade nacional e internacional, prestando vassalagem ao Partido/Estado, que desesperadamente procura esconder a má governação, o aumento da pobreza e vai varrendo o lixo para debaixo do tapete da sua sala de visitas!

Caros companheiros, nós aproximamo-nos de um ano eleitoral, que concentra a esperança de mudança dos angolanos. Nesta aproximação temos assistido a um outro espetáculo, não menos degradante: o Partido de regime desespera em tentar escolher as lideranças dos partidos que com ele competem! E neste capítulo, á luz do dia e com direito à cobertura dos media nacionais, assistimos a um enorme desrespeito pela integridade e intelectualidade dos cidadãos, levados ao extremo de serem tratados como mercadoria, por agentes do estado, que usam dinheiros públicos para comprarem cidadãos.

Este desespero instalado no partido de regime, tem trazido muito mal ao país, sendo para nós surpreendente a inexistência de massa crítica interna, de quem no mínimo se esperaria o comprometimento com os mais elementares princípios democráticos. Estamos em 2021! Esperava-se bastante mais de um partido que governa há 46 anos o país. Esperava-se e eu digo, espera-se, muito mais de um partido que afirma ter milhões de membros e um elevado número de quadros. Esperava-se e espera-se que aos dias de hoje estivessem preparados para olhar com tranquilidade para o jogo democrático e estejam preparados para uma transição política no país. A alternância vai ocorrer em Angola. Urge mostrar a Angola e ao mundo, mais maturidade, se pretendemos de facto atrair investidores, não podemos continuar a dar essa imagem, miserável de um regime fomentador da instabilidade e impreparado para a democracia.

Angola clama por Patriotas, que amem verdadeiramente o seu país e o seu povo e coloquem o povo e o país acima dos partidos.

Angola e os angolanos clamam por DIÁLOGO, por PAZ, por ESTABILIDADE, por INCLUSÃO e por DESENVOLVIMENTO. Tudo alcançável num país com as potencialidades de Angola, agregadas ao rigor, à disciplina, ao trabalho, à transparência e à boa governação.

Compete-nos mantermos o foco nos nossos programas, que serão revisitados e actualizados. A UNITA está empenhada na materialização da ampla frente para a alternância, para viabilizar os objectivos atrás descritos.

O país ontem marcou o 44º aniversário do fatídico 27 de Maio e este ano esta data foi antecedida por um pronunciamento de Sua Excia o Presidente da República. Na sequência do 27 de Maio de 1977 foram mortos mais de 30 000 angolanos, na sua maioria militantes do Mpla, mas que também arrastou outros cidadãos.

Apesar de inúmeras reivindicações dos sobreviventes, dos familiares das vítimas e da sociedade, nunca o MPLA moveu o Estado a agir com humanidade, no mínimo criando as condições para o enterro condigno de seus entes queridos.

Daí a pertinência da cerimónia ocorrida, onde Sua Excia o Presidente da República, em nome do Estado angolano e em vésperas de eleições, pediu perdão às vítimas e prometeu entregar às famílias os restos mortais de alguns dirigentes do Mpla, assassinados na altura.

Permitam realçar alguns aspectos relevantes desta cerimónia:

1. O perdão pressupõe a confissão e a verdade. Ora, S. Excia o Presidente da República ainda manteve como razão dos massacres a tese de “tentativa de golpe de Estado”, que é fortemente contestada por sobreviventes e pelos historiadores;

2. Sua Excelência o Presidente da República iniciou muito bem a sua intervenção, falando em nome do Estado angolano, mas não resistiu e em determinada altura da intervenção passou a falar o Presidente do Mpla. Foi uma pena.

3. Sua Excelência confundiu intencionalmente as mortes resultantes do conflito ideológico intrapartidário do Mpla, com as mortes resultantes da guerra entre o governo e a UNITA, da qual se firmaram Acordos de Paz que incluem uma amnistia geral, para os crimes cometidos no contexto da guerra, por ambas as partes

4. Foi infelizmente reduzida, a solenidade do momento e a genuinidade do pedido de perdão às vítimas, quando exortou a UNITA, despropositadamente, a pedir desculpas às vitimas do período do conflito armado, esquecendo-se que a UNITA já o fez e por diversas vezes. Fê-lo o Dr Jonas Savimbi em Abril 2001 na 16ª Conferência, fê-lo o Gen. Lukamba Gato enquanto Coordenador da Comissão de Gestão da UNITA e fê-lo também Isaías Samakuva, por mais de uma vez nas vestes de Presidente do Partido! O Presidente da UNITA, repetirá este pedido com o respeito e o sentimento profundo de responsabilidade, sempre que as circunstâncias o exijam.

5. Tendo infelizmente existido inúmeras mortes durante o período do conflito armado, porque razão Sua Excia o Presidente da República não dirigiu ao Mpla o mesmo desafio que fez à UNITA, de o Mpla pedir perdão pelas vítimas por si causadas?

6. Urge definitivamente separarmos os interesses dos Partidos, dos limites do Estado e fazermos de Angola, a Pátria Mãe de todos os seus filhos.

Fiel aos seus princípios a UNITA vai continua a ser mais do que a UNITA. Vai continuar um instrumento nacional ao serviço de todos. Vai continuar a manter à frente do Partido um núcleo coeso e estável, integrado por Patriotas.

Declaro aberto este Seminário.

VIVA A UNITA
VIVA ANGOLA

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