EUA: Velho aliado de Trump fala em “embaraço nacional”. “Se há indícios de fraude, provem-no”

Ex-governador de New Jersey, republicano e apoiante de Trump desde a primeira hora, criticou duramente equipa legal de Trump. “O país está primeiro”, disse.

Os apoios a Donald Trump começam a cair, até entre os aliados mais próximos. Desta vez foi o antigo governador de New Jersey, Chris Christie, apoiante de Trump desde a primeira hora, que deixou claro, em declarações ao canal ABC, que era altura de o ainda Presidente dos EUA em exercício assumir a derrota eleitoral e deixar cair a sua jogada legal que, no seu entender, não é mais do que um “embaraço nacional”.

“Oiçam, eu tenho sido um apoiante do Presidente, votei nele duas vezes, mas as eleições têm consequências, e não podemos continuar a agir aqui como se alguma coisa tivesse acontecido quando não aconteceu”, disse o ex-governador republicado que chegou a ponderar uma candidatura à nomeação republicana em 2016, mas desistiu em favor de Trump.

Em causa está o facto de, este sábado, a equipa de advogados de Donald Trump ter pedido uma segunda recontagem dos votos na Georgia, um dia depois de altos funcionários estaduais republicanos terem certificado a derrota de Trump na sequência de uma auditoria. A segunda recontagem vai ser feita através de uma máquina, não vai ser manual, e é ainda menos provável de que mude o resultado em favor de Trump.

Antes deste pedido, também um juiz federal tinha rejeitado o último esforço dos advogados de Trump de anular votos na Pensilvânia. Na Georgia, Joe Biden voltou a ser declarado vencedor na sexta-feira depois de o estado ter certificado os resultados: venceu com mais 2% dos votos do que Trump.

“Francamente, a conduta da equipa legal do Presidente tem sido um embaraço nacional”, disse Chris Christie, sublinhando que os advogados de Trump têm vindo a público com acusações de fraude, mas, até agora, ainda não conseguiram provar nada em tribunal. “Eles alegam fraude fora dos tribunais, mas quando vão para os tribunais não alegam fraude e não conseguem provar a fraude”, disse ainda.

A conclusão, segundo o ex-governador republicado, é simples: “Se não consegues provar os indícios, significa que os indícios não existem”. Mais: “Por mais que eu seja um forte republicano e por mais que ame o meu partido, é o país que vem primeiro”. Ou seja, é altura de Trump deixar ir e reconhecer a vitória a Joe Biden para que a transição seja feita a bem do país. A vantagem eleitoral de Joe Biden ultrapassava já, na sexta-feira, os 6 milhões de votos, numa altura em que as recontagens ainda prosseguem em vários estados.

Já no domingo, os advogados de Trump Rudy Giuliani e Jenna Ellis procuraram afastar-se de Sidney Powell, a mais recente aquisição da equipa legal do Presidente, afirmando que a advogada não pertence à equipa e “age em nome próprio”, o que a própria confirmou (embora Trump tenha anunciado a contratação como parte da equipa). Isto depois de os três terem aparecido numa conferência de imprensa muito criticada onde levantaram várias teorias da conspiração sobre as votações, estado a estado.

Rita Dinis 

OBSERVADOR 

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