FACTUALIDADES: Apesar do silêncio dos deputados do MPLA – Waldemar Bastos e Carlos Burity serão objecto de exaltação pública

Os deputados da bancada parlamentar do MPLA recusaram, com um tumular silêncio, a homenagem póstuma ao músico angolano Waldemar Bastos, preferindo exaltar unicamente, outra referência artística, que foi Carlos Burity.

Em contrapartida, a sociedade civil concentra-se, no sábado numa manifestação colectiva, de carácter cultural, para prestar tributo aos dois grandes ícones da música angolana falecidos na mesma semana.
Esta reacção dos parlamentares do partido maioritário contrasta, com aquilo que devia constituir unanimidade, quando o partido de que fazem parte, o MPLA, se manifestou consternado,  a par da sociedade civil, que se curva em torno das duas figuras que marcam, em toda a sua dimensão cultural e artística, o nome de Angola.
As reacções denotam um sentimento de animosidade ao artista Waldemar Bastos, cuja voz se ergueu no mundo inteiro, em prol de uma Angola que o viu nascer, contando episódios da natureza e sua diversidade cultural. Um lapso que a política não soube gerir com inteligência e sentido de Estado.
O argumento de razão da atitude da bancada parlamentar do MPLA, explica-se em função de um protagonismo manifestado pela Unita, ao sugerir o reconhecimento da obra do cantor, a nível internacional, bem como a sua intervenção, em prol dos valores de uma Angola independente, que exalta na canção Velha Chica, no mundo inteiro, o voto permanente à liberdade e à independência nacionais.
Waldemar Bastos é um ícone da cultura angolana, quer se queira ou não, pela temática desenvolvida nas suas canções. Merecia por consequência, uma melhor consideração, em tempo de inclusão social e política, vigente no país.
Entretanto fora das lides parlamentares, o artista e presidente da UNAC-SA, Zeca Moreno,  lidera um projecto de exaltação às duas figuras ímpares da música angolana, que foram Waldemar Bastos (falecido, vítima de cancro, segunda feira) e Carlos Burity (com morte anunciada ontem, quarta feira, por doença cárdio vascular), numa homenagem pública, que inclui missa de acção de graças, a complementar um condimentado sarau musical, com poesia à mistura. 

No livro de condolências, aberto ao público ficarão condensadas, as mensagens de condolências, de amigos e familiares dos dois artistas desaparecidos, prematuramente.

A cerimónia de homenagem será aberta ao público. O livro de condolências e o microfone  aberto devem registar as palavras de apreço aos dois artistas angolanos.

 

 

COMUNICADOS DO MPLA

“O Secretariado do Bureau Político do Comité Central do MPLA tomou conhecimento do falecimento do músico WALDEMAR BASTOS, ocorrido nesta segunda-feira, 10 de Agosto de 2020, em Lisboa, vítima de doença, aos 66 anos.

WALDEMAR BASTOS foi um dos expoentes máximos da música contemporânea angolana, que ajudou a desenvolver com notável qualidade e verdadeiro sentido patriótico, retratando, de forma peculiar, a realidade sócio-cultural, a beleza e os encantos de Angola.

De inconfundível performance e timbre vocal, WALDEMAR BASTOS representou a cultura angolana em vários países do mundo, tendo sido distinguido, em 2018, com o Prémio Nacional de Cultura e Artes, e com o galardão “New Artist of the Year nos World Music Awards”, em 1999.

A morte de Waldemar Bastos ocorre num momento particular em que se regista um movimento de valorização e promoção da música angolana de raíz, facto que deixa mais empobrecida a Cultura Nacional em geral, e a classe dos músicos em particular.
Pelo infausto acontecimento, o Secretariado do Bureau Político, em nome dos militantes, simpatizantes e amigos do MPLA, curva-se perante a memória do malogrado, endereçando à família enlutada sentidas condolências”.

MINISTÉRIO DA CULTURA E SOCIEDADE CIVIL MANIFESTAM-SE

“O MCTA exterioriza o sentimento de perda de um artista que ao longo dos mais de 40 anos de carreira levou o país ao mundo, divulgado a história, a cultura e as tradições de Angola.

Com o mesmo sentimento, manifestou-se a coordenação do Angola Music Awards (AMA), que destaca as qualidades de Waldemar Bastos.

Reagindo ao infortúnio, a actriz Raquel da Lomba, na sua página no Faceboock, destaca o artista como dono de uma voz sem igual e com letras melódicas fantásticas como: “A velha Chica”.

“Deixando a nossa cultura cada vez mais pobre. Paz a sua alma, descanse em paz na glória do senhor”, escreveu.

Para a actriz, calou-se para sempre, mais deixa um legado muito forte aos artistas.

A responsável da produtora Step Model, Karina Barbosa, aponta Waldemar Bastos como um dos maiores tesouros nacionais, uma das mais preciosas jóias da cultura musical angolana.

“(…) 2020 está a ser um ano de muitas e grandes perdas (…). Que sejamos gratos pela obra e pelo legado deixados (…) e que sejamos gratos por cada dia que acordamos com saúde, força para trabalhar, um tecto para nos abrigar, um prato de comida e o amor dos que nos são queridos por perto”, frisou.

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