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Inglaterra: Boris Johnson enfrenta oposição ao confinamento dentro do próprio partido Conservador

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, pediu esta segunda-feira o apoio dos deputados a um confinamento em Inglaterra para evitar um “desastre médico e moral”, enfrentando críticas dentro do Partido Conservador.

“Se não conseguirmos controlar o coronavírus, o peso da procura de pacientes com Covid privaria os outros dos cuidados de que precisam. Tratamento do cancro, operações cardíacas, outros procedimentos que salvam vidas: tudo isso pode ser colocado em risco se não controlarmos o vírus”, justificou, numa declaração na Câmara dos Comuns.

O primeiro-ministro enfrenta a oposição de alguns membros de seu próprio partido, que dizem que o confinamento vai contribuir para o desemprego e problemas de saúde mental, além de violar os direitos humanos.

Alguns deputados influentes disseram que iriam votar contra, como Graham Brady, presidente da comissão parlamentar 1922, que já tinha forçado o governo a submeter novas medidas a votação no parlamento.

Vou votar contra porque estamos a tender cada vez mais para um país autoritário e opressor. O único mecanismo jurídico que me resta é votar contra esta legislação, porque se os meus eleitores protestarem, serão presos, lamentou o deputado Charles Walker.

Porém, a medida, que foi anunciada à pressa no sábado, depois de assessores científicos alertarem o governo para o rápido aumento das taxas de infeção e o risco de inundarem hospitais no espaço de semanas, deverá ser aprovada na quarta-feira.

O Partido Trabalhista criticou o atraso na implementação do plano, recomendado pelo grupo de assessores científicos pela primeira vez em 21 de setembro, mas disse que vai apoiar as restrições.

“Rejeitar o conselho de seus próprios cientistas por 40 dias foi uma falha catastrófica de liderança e de discernimento. O primeiro-ministro agora precisa explicar ao povo britânico por que não escutou e não interveio durante tanto tempo”, acusou o líder do “Labour”, Keir Starmer.

A nova estratégia chega três semanas depois de o governo britânico anunciar um sistema com uma escala de três níveis de restrições para aplicar de forma regional em áreas do país com taxas de infeção mais altas.  O governo optou por esta abordagem para tentar reduzir o impacto económico e social das novas restrições, apesar de o Grupo de Aconselhamento Científico para Emergências [SAGE] ter recomendado um confinamento temporário para tentar interromper a transmissão do vírus.

A estratégia tornou-se insustentável após uma nova análise dos dados constatar uma rápida aceleração da pandemia e produzir previsões de que o número de mortes neste inverno poderia ser mais do que o dobro daquele registado no início deste ano.

Com 46.853 óbitos registados oficialmente, o Reino Unido é o país europeu com o maior número de mortes de Covid-19 e o quinto a nível mundial, atrás dos EUA, Brasil, Índia e México.

De acordo com a proposta de confinamento do governo, a maioria das lojas vai ficar fechada durante quatro semanas, de quinta-feira até 2 de dezembro, com bares e restaurantes restritos a serviços de venda para fora, mas escolas e universidades vão permanecer abertas. As pessoas serão obrigadas a ficar em casa, exceto para trabalhar, exercício e compras essenciais.

Devido ao sistema de governos descentralizados, o confinamento aplica-se apenas em Inglaterra, mas os governos autónomos da Irlanda do Norte, Escócia e País de Gales também impuseram restrições rígidas. País de Gales e Irlanda do Norte estão em confinamento até 9 e 13 de novembro, respetivamente, enquanto que a Escócia está a avaliar essa hipótese, apesar de ter introduzido esta segunda-feira um sistema de cinco níveis de restrições.

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