Insegurança alimentar: ONG acusa Governo angolano de apresentar “dados políticos”

Cerca de 74 mil famílias estarão à beira da insegurança alimentar no Cuando Cubango se o Executivo não tomar medidas urgentes, alerta a ONG Mbakita. Mas o Governo garante que tudo está a fazer para evitar o pior.

Pascoal Baptistiny, diretor-geral da ONG Missão de Beneficência agropecuária do Kubango, inclusão de tecnologias e ambiente (Mbakita), disse recentemente que falta clareza na apresentação real da situação de vulnerabilidade das famílias camponesas da parte do Executivo da província.

Para Baptistiny “a situação afigura-se cada vez mais preocupante” e critica: “Por aquilo que constatamos no terreno o Governo não esta a responder [de acordo] com a realidade das populações e está a usar dados políticos e não realísticos”.

“O que constatamos é que não há apoios sérios a nível das comunidades, politicamente fala-se de apoio com cestas básicas às famílias, mas no terreno estes não estão a chegar para ninguém”, revela o responsável da Mbakita.

O também ativista dos direitos humanos conta que a situação das famílias camponesas é grave e apela a intervenção urgente do Executivo.

“A nível do Cuando Cubango, somando os números de pessoas afetadas pela seca e de pessoas afetadas pela praga de gafanhotos, poderemos encontrar o número de 74.981 famílias, perfazendo o número de 388. 322 pessoas”, revela o ativista.

E o diretor da ONG questiona: “Se estamos em junho e as pessoas já passam fome, imaginemos quando atingirmos setembro ou outubro, o que será das famílias se estas pessoas não forem assistidas urgentemente com cestas básicas?” 

“Podem incorrer numa insegurança alimentar e consequentemente numa desnutrição para as crianças”, responde o mesmo.

Intervenções do Governo

Mais recentemente, sem avançar números das famílias em risco de insegurança alimentar, Adélia Muambeno Samuel, vice-governadora para a área politica, económico e social do Cuando Cubango, garantiu que o Executivo tem vindo a trabalhar no apoio as famílias vulneráveis.

“O Governo já tem estado a dar respostas, há dias, recebemos alguns apoios das empresas e da própria Presidência da Republica de alimentos, matérias de biossegurança para apoiar essas famílias e temos estado já a trabalhar neste sentido”, assegura.

Adélia Samuel afirma também que “existem programas específicos direcionado a estas famílias, incluindo o combate a pobreza,”

De referir que a 16 de maio, a província recebeu dois camiões contendo 60 toneladas de produtos diversos para acudir as famílias afetadas com a fome na província.

Na altura, a diretora do Gabinete da Ação Social, Família e Igualdade do Género no Cuando Cubango, Aida Rosalina, falava em 25 mil famílias em situação de vulnerabilidade por causa da seca.

 

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