IURD Angola: Analistas dizem que “não haverá consequências” nas relações entre Angola e Brasil

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil convocou o embaixador de Angola em Brasilia na passada quinta-feira, 13, para saber detalhes sobre as deportações de missionários brasileiros da Igreja Universal do Reino de Deus por parte do Governo de Luanda. Antiga juíz do Tribunal Constitucional afirma que confronto entre as alas angola e brasileiro tem a ver com questões financeiras

O caso é jurídico mas tem implicações políticas.

No entanto, em Luanda, enquanto analistas políticos consideram que este caso não vai colocar em causa as relações entre Luanda e Brasília, a antiga juíza do Tribunal Constitucional, Luzia Sebastião, afirma que tanto a ala angolana como a ala brasileira da IURD em Angola deviam responder pelos seus actos porque estão a degladiar-se por razões financeiras.

A antiga magistrada sustenta que “todos são responsáveis pela desordem que se transformou a IURD”.

“A crise económica que se abateu sobre o país, bateu também à porta da IURD, os dinheiros deixaram de aparecer e quando há escassez de bens instala-se o desentendimento. É isso que aconteceu”, afirma Luzia Sebastião.

Quanto a eventuais danos no relacionamento entre Angola e Brasil, o analista político Olívio Kilumbo diz “não haver razões para consequências a nível das relações entre os Estado angolano e brasileiro”.

No entanto, afirma ser normal que o Governo brasileiro seja pressionado pela comunidade brasileira em Angola e “convoque o embaixador para mais esclarecimentos sobre o processo de deportação de missionários brasileiros da IURD”.

Entendimento semelhante têm a especialista em Relações Internacionais, Conceiçao Vaz, quem destaca que o relacionamento “entre Angola e o Brasil é muito antigo e estas questões não podem ofuscar” as relações.

Leia mais em:

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A VOA tentou contactar o Ministerio das Relações Exteriores de Angola mas sem sucesso.

IURD reage e acusa

Recorde-se que a justiça angolana deu ordem para deixarem o país de forma voluntária mais de uma centena de pastores e bispos da IURD , devido à situação migratória irregular por caducidade dos vistos de permanência em Angola e por terem cessado a actividade eclesiástica, na sequência de um ofício da nova direcção angolana da IURD.

Em Luanda, a porta-voz da ala brasileira da IURD, Ivone Teixeira, foi citada pela imprensa, na semana passada, como tendo dito que, no total, estão de partida para o Brasil 112 membros da denominação, incluindo 55 casais (missionários e suas mulheres) e mais dois religiosos solteiros.

Ela acrescentou que a partida irá decorrer “paulatinamente, em grupos de 10, estando previstas duas viagens por semana”.

Na passada quarta-feira, 12, o dono da IURD, o bispo brasileiro Edir Macedo, recebeu em São Paulo uma delegação de 12 dos pastores expulsos de Angola.

Para a IURD, a deportação “é uma tentativa clara de tirar a igreja do território angolano”.

A denominação diz que um grupo dissidente da instituição tenta se apropriar de maneira ilegal do património construído durante anos.

O grupo “é formado por ex-bispos e ex-pastores que foram expulsos da igreja por actos criminosos e imorais”.

Os advogados da IURD em Angola têm colocado recursos junto da justiça e representantes da igreja enviaram uma carta-denúncia no escritório das Nações Unidas em Angola.

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