Líder da União Africana (UA) pede “calma e diálogo” para travar tensão entre o Ruanda e a RDCongo

O Presidente senegalês Macky Sall, atual líder da União Africana (UA), manifestou-se hoje “gravemente preocupado” com a “tensão crescente” entre o Ruanda e a República Democrática do Congo (RDC), exortando os dois países a “acalmarem-se e empenharem-se no diálogo”.

“Estou seriamente preocupado com a tensão crescente entre o Ruanda e a RDCongo”, disse Macky Sall num tuíte em resposta à escalada da tensão verificada nos últimos dias entre os dois países vizinhos, apelando a que “se acalmem e dialoguem para a resolução pacífica da crise com o apoio dos mecanismos regionais e da União Africana”.

O Ruanda anunciou no sábado que dois soldados seus estavam a ser mantidos em cativeiro após terem sido raptados por rebeldes na RDCongo, acusando as autoridades do país de apoio a esses rebeldes.

A declaração surgiu depois de a RDCongo ter convocado o embaixador do Ruanda e acusado o seu vizinho de apoiar o grupo rebelde M23, ativo na sua região oriental.

Segundo as Forças de Defesa Ruandesas, os dois soldados foram raptados durante uma patrulha e estão detidos no leste da RDCongo por rebeldes das Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FDLR).

O incidente segue-se a um ataque no início desta semana ao longo da fronteira por forças congolesas e rebeldes das FDLR, de acordo com o exército ruandês.

Os combates entre as forças congolesas e a M23 deflagraram em várias frentes esta semana no Kivu do Norte, uma província oriental da RDCongo que faz fronteira com o Ruanda.

Kinshasa diz que o M23 – um dos mais de cem grupos armados que operam no leste da RDCongo, constituído principalmente por tutsis congoleses – é apoiado pelo Ruanda. Kigali, por seu turno, negou qualquer envolvimento.

A RDCongo e o Ruanda mantêm relações tensas desde a chegada maciça ao leste do Congo de hutus ruandeses acusados de massacrar tutsis em 1994.

Kinshasa tem acusado regularmente o Ruanda de realizar incursões no seu território e de aí apoiar grupos armados.

As relações tinham começado a descongelar após a eleição do Presidente congolês Felix Tshisekedi em 2019, mas o ressurgimento dos ataques do M23 reacendeu as tensões bilaterais.

 

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