“O que é que Portugal tem que Angola não tem”? – Adalberto Costa Júnior

Do poder autárquico à eleição do Presidente da República, passando por um cenário que seria impossível em Angola, uma geringonça governamental. Em declarações à TSF, Adalberto Costa Júnior compara realidades e reclama democracia.

A três meses das eleições gerais, previstas para agosto, o líder do maior partido da oposição angolana acusa o governo de violar as leis e não respeitar a democracia e defende uma revisão profunda da constituição para que Angola se afirme como um país moderno e democrático. Para Adalberto Costa Júnior, o que Angola não tem é uma verdadeira democracia e a impossibilidade de uma geringonça como solução de governo é um exemplo disso mesmo.

“Algo que de imediato a lei eleitoral e a constituição não permitem é, infelizmente, a existência de uma geringonça”, afirma o líder da UNITA. “A Constituição de Angola está de tal forma formatada e, por aqui se vê que não democrática, que permite, por exemplo, que haja um partido que não tenha maioria de suporte na assembleia possa governar sem qualquer possibilidade de um voto de censura poder derrubar esta governação.”

Além disso, sublinha Adalberto Costa Júnior, não há poder autárquico como em Portugal. “Aquilo que é normalíssimo para um cidadão português, em Angola nunca existiu”, lamenta o líder da UNITA que considera que esse é “um drama” para o país porque os administradores locais são os primeiros secretários do partido no poder e “tudo o que se faz ao nível dos municípios faz-se sob a tutela e os interesses do partido que governa”.

A eleição do Presidente da República é outra questão que preocupa Adalberto Costa Júnior. “Um cidadão português talvez não saiba: em Angola ninguém elege o Presidente da República de forma direta, isso não existe. Em 2010, o presidente passou a ser eleito à boleia de uma lista da Assembleia Nacional, onde o mesmo boletim elege dois órgãos de soberania, isso não existe em mais lado nenhum”, desabafa.

“Não é possível construirmos um país moderno, um país democrático se não fizermos uma profunda reforma nas nossas instituições, uma reforma que envolve uma revisão da própria Constituição”, conclui o líder do maior partido da oposição de Angola que acredita que “os astros estão alinhados” para, ao fim de 46 anos, haver uma mudança política.

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