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Portugal: Angolanos na diáspora juntam-se e clamam por uma paz efetiva após “calar das armas” em Angola

Angolanos na diáspora juntaram-se este sábado (29.04), na Assembleia Municipal de Lisboa para enaltecer a paz, numa celebração ecuménica promovida pelo Consulado Geral de Angola em Portugal.

A Cônsul Geral de Angola em Portugal, Vicência de Brito, enalteceu a unidade nacional como “pedra basilar para a preservação da paz”, depois do silenciar das armas há 21 anos. Vicência de Brito exortou a unidade entre os angolanos, afirmando que todos devem “juntar sinergias” para a consolidação da paz e o desenvolvimento nacional, “necessários para a democracia”.

A dirigente angolana falava este sábado (29.04) em Lisboa na abertura da celebração ecuménica pelo 21º aniversário da paz em Angola, assinalado no passado dia 4 de abril. Vicência de Brito sublinhou que a iniciativa, que juntou várias confissões  religiosas, “deverá ser também um incentivo” para que todos sejam capazes de se unirem “para construir uma Angola melhor” em benefício de todos os angolanos, “independentemente do credo religioso ou dos ideais políticos”.

“A paz é o único caminho”, frisou.

À margem do evento, Eduarda Ferronha, dirigente associativa angolana, defendeu que a paz “não está completamente consolidada”, apesar das dificuldades inerentes ao atual contexto socioeconómico.

“Com a colaboração de todos”, acrescentou, será possível desenvolver o país, reforçar a paz e assegurar a todos melhores condições de vida. Ferronha entende que deveria haver maior interação entre Angola e a sua diáspora, por exemplo em Portugal, onde existem muitos quadros úteis ao esforço de desenvolvimento nacional, nomeadamente na área da saúde.

Entre os presentes esteve também a angolana Francisca Vandunem, antiga ministra da Justiça no Governo de António Costa, primeiro-ministro de Portugal.

Insatisfação incentiva emigração de angolanos

Gabriel Zacarias, angolano recém chegado a Portugal, considera a paz um dos pilares fundamentais no projeto de reconstrução de Angola depois de mais de 30 anos de guerra.

“Na minha perspetiva, demos o primeiro passo com o calar das armas, mas ainda enfrentamos dificuldades que já deviam ter sido ultrapassadas”, refere, admitindo, no entanto, haver “boa vontade” dos gestores de políticas públicas para mudar a atual situação social e económica.

O jovem considera que a fuga de angolanos para o exterior resulta da crescente insatisfação devido à atual conjuntura que o país vive. Considera que o custo de vida e a falta de oportunidades para “realizar os seus sonhos” empurraram muita gente para o exterior em busca de um futuro melhor, principalmente em Portugal, onde acabam também por enfrentar outras dificuldades.

“Apesar de haver qualidade de vida, melhor ensino e assistência médica, aqui também existem muitas dificuldades de inserção”.

Américo Marques, líder de pastores luso-angolanos que dirigiu a celebração ecuménica, aceita a ideia de que “a paz deve ser mais” que este ato em Lisboa. O pastor reconhece haver dificuldades em Angola, mas acredita que bons tempos virão. “Queremos crer que a situação vai mudar”, adianta.

Luzia Moniz, jornalista e socióloga angolana, concorda com o apelo à consolidação da paz. Considera que esta é uma mensagem a reter em Angola: “A unidade é feita também na diferença”.

A cidadã angolana encoraja Angola a seguir este exemplo, sobretudo a nível político, lembrando que a paz é sempre um processo em construção.

“A concretização da paz passa pela solução de uma série de problemas que o país enfrenta em vários domínios. Porque não há paz nem democracia com fome”, argumenta.

“Não basta orar”

Para Luzia Moniz, não basta orar.

“Não é a oração que constrói a paz. Quem constrói a paz têm de ser os angolanos. Uma paz pelo desenvolvimento, pela igualdade, contra a exclusão e pela inclusão de todos os angolanos”.

Edgar Kapapelo, coordenador adjunto do principal partido da oposição angolana, UNITA, também marcou presença no evento “por cortesia”. Na sua opinião, não se pode falar de paz com os problemas que Angola apresenta.

“O país está em ruína, as instituições públicas estão em falência, há greves nos setores académicos e outras áreas profissionais. Por isso não há nada que justifique comemorar a paz”.

Exercícios como este ato realizado em Lisboa não devem limitar-se a isso, acrescenta. Devem ser direcionados sim para resolver problemas. O coordenador da UNITA em Portugal considera que, no atual contexto, é também preocupante a instabilidade que se sente no seio do MPLA, partido no poder em Angola.

“Se há algum problema dentro do MPLA eles que o resolvam. Porque tais problemas prejudicam diretamente o povo angolano”, afirma Kapapelo, reconhecendo que caberá aos eleitores angolanos decidir na alternância nas próximas eleições em Angola.

 

 

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