O Presidente angolano saudou hoje o pedido de desculpas que lhe foi feito por um grupo de jovens que pretendia realizar uma manifestação, entretanto cancelada, depois de terem chamado “gatuno” ao chefe de Estado
“Louvo o gesto do grupo de jovens, que ontem pediu desculpas públicas pelos seus comportamentos, que este exemplo seja seguido por outros jovens. Aceitamos o pedido de desculpas, estão perdoados”, escreveu João Lourenço na sua conta do Twitter.
Em causa está o anúncio de uma manifestação, num vídeo posto a circular nas redes sociais, onde era feito o apelo à população para, no sábado, participarem numa “grande manifestação”, na qual pretendiam exigir a “demissão imediata do gatuno e ditador João Loureço”, aludindo ainda à saída do Movimento Popular para a Libertação de Angola (MPLA), no poder há 45 anos.
“MPLA, fora, João Lourenço, fora, guerra é guerra, resistência até vencer”, diziam no referido vídeo um dos promotores da manifestação, que anunciou depois o cancelamento do evento e pediu desculpas pelas declarações.
Segundo o chefe de Estado angolano, “lutar pelos direitos fundamentais dos cidadãos não significa desrespeitar os símbolos nacionais, as instituições e a autoridade do Estado ou vandalizar bens públicos que devem servir a comunidade”.
“Com estes comportamentos só pioramos a situação do povo”, escreveu ainda o Presidente angolano.
Sobre o vídeo, a Polícia Nacional condenou a atitude dos promotores da manifestação, considerando que se trata de “uma velada tentativa de mobilizar cidadãos para atitudes de violência”.
Segundo o diretor de Operações da Polícia Nacional, comissário Orlando Bernardo, que falava na quinta-feira em conferência de imprensa, o que se tem estado a ver nas redes sociais não é um incentivo à manifestação, mas sim a ações violentas.
Por isso, pediu aos cidadãos “que não se deixem enganar, para que tenham muito cuidado em envolver-se nesse tipo de atividades, nesse tipo de incitamentos, sob pena de incorrerem em crime”.
Em declarações hoje à agência Lusa, o ativista angolano Hitler Samussuku disse que não se revê nessa manifestação, cujo apelo demonstra “uma clara intenção de provocar as autoridades, para ganharem atenção e receberem dinheiro”.
Hitler Samussuku frisou que nenhum dos rostos mais visíveis entre os ativistas principais do país partilhou o cartaz desta manifestação.
“Nós temos uma página chamada Central Angola, onde se partilha todas as manifestações que são convocadas pelos revus [movimento de jovens que foi detido em 2015 pelas autoridades], mas essa não partilhamos, porque sabemos que são miúdos que querem provocar as autoridades e chamar a sua atenção para receberem uma contrapartida e não é a primeira vez”, disse.
A Lusa tentou contactar um dos organizadores da manifestação, o porta-voz do grupo, Mutu Muxima, mas sem sucesso.