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Relações Internacionais: União Europeia focada numa “economia mais verde e sustentável para Angola”

A União Europeia (UE) dá prioridade à diversificação económica em Angola e pretende direcionar o próximo ciclo de financiamentos do Fundo Europeu de Desenvolvimento para apoiar uma economia mais verde e sustentável, afirmou Jeannette Seppen.

A embaixadora da UE em Angola, em entrevista à Lusa, adiantou estar atualmente em curso a planificação dos fundos para os próximos anos.

Até hoje foi concedido, no quadro do Fundo Europeu de Desenvolvimento, um apoio de mais de 130 milhões de euros e estão agora “a tratar da planificação para os próximos seis a sete anos”, disse Seppen.

Sem adiantar detalhes quanto ao orçamento, Jeannette Seppen indicou que a programação financeira servirá para “apoiar Angola em direção a uma economia mais verde, mais sustentável, mais resiliente” e deverá começar a ser implementada ainda no primeiro semestre deste ano.

As parcerias com Angola emanam do chamado “Caminho Conjunto”, o quadro abrangente em que assentam as relações institucionais entre o bloco europeu e o país africano, e que envolve aspetos políticos, económicos e sociais.

O apoio da União Europeia à diversificação económica e, atualmente, a luta contra a pandemia de covid-19, estão entre os temas cruciais, incluindo, por exemplo, programas orientados para a boa governação e a segurança humana, direcionados para a capacitação institucional ou para as famílias em vulnerabilidade alimentar como acontece atualmente no sul de Angola devido à seca.

“O trabalho que fazemos visa desde beneficiários mais diretos a um quadro institucional, envolvendo ministérios para apoiar a integração de Angola no comércio internacional e regional”, destacou a embaixadora europeia, apontando a parceria económica com a SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral), cujo processo de adesão é apoiado pela EU, como um dos exemplos.

Neste âmbito, estão a ser desenvolvidos programas de formação de quadros a nível ministerial em temáticas “abrangentes” para minimizar a dependência do setor petrolífero e desenvolver o setor agroindustrial, indicou.

Jeannette Seppen notou que quaisquer reformas “levam muito tempo” a tornarem-se visíveis, mas “as coisas vão andando” e os programas da UE servem também para que avancem o mais rápido possível.

“Estamos num momento muito difícil para a atração de investidores, mas estamos confiantes neste processo e vamos continuar a trabalhar para ajudar Angola a sair dessa situação de crise”, enfatizou.

Outra das áreas a que a UE dá prioridade é o combate à pandemia de covid-19, em que os responsáveis europeus “continuam a mostrar toda a solidariedade” que a doença evidenciou, continuou.

“No ano passado, a UE tinha já dado um apoio orçamental de 20 milhões de euros para apoiar os esforços de combate à pandemia e feito a doação de materiais de biossegurança e é também um parceiro importante na Covax, da qual Angola faz parte”, frisou a embaixadora da UE.

Jeannette Seppen acrescentou que o Governo angolano está também a negociar com o Banco Europeu de Investimento (BEI) um empréstimo de 50 milhões de euros para a resposta à pandemia, que pode incluir a aquisição de vacinas, salientando que “a parceria” continua sólida, mantendo-se as reuniões de alto nível, embora virtuais.

Sobre o adiamento da transição de Angola de País Menos Avançado para um País de Rendimento Médio (PRM), decidido na semana passada na Organização das Nações Unidas (ONU), com aval europeu, a embaixadora assinalou que, perante a situação atual, a subida de categoria “não parecia ser a melhor solução para os próximos anos”.

“Foi por isso que a UE deu o aval ao pedido de Angola de adiar por três anos este estatuto. Vamos continuar o nosso diálogo com o Governo para ver como podemos usar estes três anos da melhor forma, para que quando chegarmos a 2024 possa ser feita essa graduação”, disse Jeannette Seppen.

A Assembleia-Geral das Nações Unidas adotou na quinta-feira uma resolução que adia para 2024 a subida de Angola da categoria de País Menos Avançado, com a ONU, a União Europeia e os Estados Unidos da América a reiterarem o apoio ao país.

A subida de categoria de Angola estava marcada para fevereiro de 2021, mas foi agora adiada por três anos, devido à vulnerabilidade socioeconómica do país, dificuldades trazidas pela pandemia de covid-19, vários anos consecutivos de “recorrente recessão económica” e falta de diversificação económica.

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