Sindicatos e activistas questionam estatísticas da “taxa de desemprego” em Angola

Instituto Nacional de Estatísticas diz que a taxa de desemprego edesceu de 32,9% no último trimestre de 2021 para 30,8% no primeiro trimestre de 2022.

Sindicalistas e líderes cívicos questionam a veracidade dos últimos dados do Inquérito ao Emprego em Angola (IEA), divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e que dão conta da redução da taxa de desemprego e do aumento do número de empregados no país.

O último relatório do INE, publicado na terça-feira ,17, revela que a taxa de desemprego em Angola desceu de 32,9% no último trimestre de 2021 para 30,8% no primeiro trimestre de 2022, havendo uma redução de 2,1 pontos percentuais.

Segundo o inquérito, no primeiro trimestre de 2022, a população empregada aumentou 3 % face ao quarto trimestre de 2021 e, consequentemente, a taxa de emprego aumentou 1,2 ponto percentual, face ao quarto trimestre de 2021.

Cepticismo quanto aos números

Especialistas contactados pela VOA dizem que “os dados do Governo têm objectivos eleitoralistas”.

O responsável da Organização Rede Terra, Bernardo Castro, considera “questionável” o inquérito do INE sob o argumento de que o mesmo “carece de confrontação prática na vida das pessoas”.

“As pessoas começam a ter descrédito para com algumas instituições e fontes de informação que transbordam para o campo da pré-campanha eleitoral e que se enquadram no controlo da comunicação pública”, defende.

“Os dados que o Governo lançou são falsos e só podem ludibriar quem não conhece a realidade de Angola” considera, por seu turno, o sindicalista Victor Aguiar.

O também sindicalista Francisco Jacinto defende igualmente que os dados do inquérito não traduzem a realidade do país.

O secretário-geral da Central Geral dos Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA) precisa que “estamos em período de eleições e tudo é possível dizer-se”.

“Não é possível hoje o desemprego descer mais de 2%. É só sair à rua aqui em Luanda, onde circula a economia, e perguntar entre dez a vinte jovens quantos é que estão desempregados”, conclui.

O inquérito

O INE refere que no período em análise, o número de desempregados foi de 4.995.991, o que representa uma redução de 6,6% quando comparado com o quarto trimestre de 2021.

Em termos homólogos, o número de desempregados aumentou 5,3%, ao sair de 4.744.020 para 4.995.991.

As estatísticas do INE apontam igualmente para uma redução de 57,2% da taxa de desemprego (na população jovem dos 15 aos 24 anos de idade) no primeiro trimestre de 2022.

“A taxa de emprego na área urbana foi de 80,4%, enquanto na rural 51,4%. Mais da metade 55,5% da população empregada encontra-se na agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca, seguido do comércio por grosso e a retalho com 17,8%”, precisa o INE.

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