O julgamento sumário de mais de 100 ativistas angolanos deve continuar nos próximos dias. O Tribunal Provincial de Luanda ainda não conseguiu ouvir todos os jovens. Críticos duvidam da imparcialidade do processo.
O julgamento sumário de mais de 100 ativistas angolanos deve continuar nos próximos dias. O Tribunal Provincial de Luanda ainda não conseguiu ouvir todos os jovens.
O julgamento dos mais de 100 ativistas deverá prosseguir, pelo menos, até segunda-feira (02.11), de acordo com a equipa de defesa. Os advogados requereram a soltura dos jovens, mas o Tribunal Provincial de Luanda negou até agora o pedido.
Os jovens foram detidos no sábado passado (24.10), durante um protesto que exigia melhores condições de vida e a implementação das autarquias em Angola. São acusados de desrespeitarem as restrições em vigor por causa da pandemia da Covid-19, que impedem ajuntamentos de mais de cinco pessoas na via pública.
Zola Bambi, um dos advogados dos manifestantes, disse que os manifestantes continuaram a ser interrogados até esta sexta-feira (30.10) à noite. Mas “não foi possível ouvir todos”, disse o advogado.
Entre os detidos estavam três menores, que foram postos em liberdade na quarta-feira, depois de um requerimento da defesa. Tratam-se de um rapaz e uma rapariga de 17 anos e um rapaz de 16. Os jovens ficaram com termo de identidade e residência. Um deles disse à DW África que “não tinha nada ver com a manifestação” e foi detido por engano.
Em Angola, já houve vários protestos e vigílias em solidariedade com os detidos. Os participantes consideram que os manifestantes são novos “presos políticos” em Angola.
“Tirem-nos da cadeia e levem-nos para a escola!”
O ativista Albano Bingo-Bingo, um dos condenados no processo 15+2, disse à DW África que não acredita na imparcialidade do tribunal neste processo.
“Nunca vi um julgamento sumário ser adiado”, afirma Bingo-Bingo. “É uma simulação o que está acontecer e não acredito que haverá uma sentença favorável”.
Esta sexta-feira, na abertura da reunião da Comissão Política da UNITA, o presidente do partido, Adalberto Costa Júnior, apelou à libertação dos jovens detidos.
“Sabemos que o tribunal está a receber ordens superiores e sob pressão dos agentes da segurança do Estado, que têm permanecido na sala”, afirmou o líder da UNITA. “Aqueles julgamentos estão a construir mártires. Nós aconselhamos vivamente a libertarem todos os jovens presos. Eles são os filhos desta sociedade que não lhes dá esperança, nem emprego, nem segurança. Tirem-nos da cadeia e levem-nos para a escola!”
Texto do DW África