A democracia na África Subsaariana deteriorou-se em 2020, com Cabo Verde a ser o único lusófono a ser considerado uma democracia imperfeita, enquanto Angola, Moçambique e Guiné-Bissau foram classificados como regimes autoritários.
A classificação é do Índice da Democracia 2020, divulgado nesta quarta-feira, 3, pela The Economist Intelligence Unit.
Numa análise a esta classificação, o antigo provedor de justiça afirma que essa posição não lhe espanta, por entender que nos últimos anos a democracia do arquipélago conheceu alguma quebra, que exige mudança do ponto de vista cultural.
António Espírito Santos diz que não subscreve a tesede Cabo Verde é uma democracia exemplar,porque consideraquehá muitos perigos, que não quis especificar, que dificultam o exercício perfeitodo sistema democrático.
“Não houve nas últimas décadas um esforço voluntarista de aumentar a cultura democrática…. digamos o elogio e a boapostura no princípio do contraditório e atitudes pedagógicas”, diz o antigo provedor de justiça.
O também ex-presidente da Assembleia Nacional considera necessária a criação de Instituições viradas para o conhecimento do país a partir de um processo democrático, que privilegia o ” rigorcientífico”e não o debitar de “cartilhas partidárias”.
Já o jornalista Daniel Almeida afirma que a democracia cabo-verdiana tem feito o seu percurso de forma positiva, apesar de persistirem ainda dificuldades e desafios a ultrapassar.
Entende que a falta de premiação da meritocracia e alguns clientelismos constituem algumas barreiras a ultrapassar, mas que não tiram o mérito da caminhada feita nos últimos trinta anos do regime democrático.
“Os principais partidos colocam nos seus programas de governação propostas parabanir o partidarismo na ascensão ao aparelho de estado, situação que não temacontecido infelizmente tal como se verifica noutras paragens”, diz Almeida.