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África do Sul: Oposição angolana desmente general que alertou para plano de “terror”

O chefe da Casa de Segurança do PR, Francisco Furtado, acusa os partidos da oposição de criar insegurança e terror em Angola para forçar o adiamento das eleições gerais. Oposição devolve acusações ao general e ao MPLA.

O general Francisco Furtado, chefe da Casa de Segurança do Presidente da República de Angola, pediu esta semana “prontidão” às Forças Armadas Angolanas (FAA) face à “estratégia errada e irresponsável” dos partidos políticos da oposição, que acusa de intimidação e terror.

“Levantar suspeição de fraude, visando instauração de um clima de intimidação e terror no seio das populações, antes da convocação das eleições previstas e legisladas para o próximo ano 2022, não faz parte de nenhum jogo democrático, mas sim de uma estratégia errada e irresponsável de quem apregoa ventos de pseudo-democratas, mas que não sabem e nem estão preparadas para coabitar em ambiente de paz, concórdia e estabilidade”, alertou, numa cerimónia que marcou a celebração dos 30 anos da criação das FAA.

As declarações do ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República surgem num momento de tensão política em Angola devido ao polémico acórdão do Tribunal Constitucional (TC) que impugnou o congresso que elegeu Adalberto Costa Júnior como presidente da UNITA. Na semana passada, as organizações juvenis de partidos políticos e da sociedade civil anunciaram a realização, a nível nacional, de manifestações de repúdio ao acordão do TC a partir do próximo sábado (16.10).

Em jeito de resposta a este anúncio, o chefe da Casa de Segurança do Presidente da República garantiu que a sociedade civil angolana “não se deixará levar pelas influências dos falsos ativistas políticos que a todo o custo querem chegar ao poder por via da desordem, desobediência civil e atos de intolerância política”. O general pediu ainda às forças de defesa que estejam vigilantes na proteção da estabilidade do país.

“Sentimento de culpa” do ministro?

Ouvidos pela DW África, alguns dirigentes partidários em Angola desmentem o general, defendendo que a oposição é quem mais luta pela democratização do país. Por outro lado, os partidos políticos angolanos desafiam o general Francisco Furtado a apresentar provas das suas acusações.

Para o secretário-geral do Bloco Democrático, Muata Sebastião, “é falso que os partidos políticos estejam interessados em criar instabilidade”.

“Talvez haja por parte do ministro algum sentimento de culpa não assumida, por conta da situação que o Governo está criar, mormente a instrumentalização das instituições do Estado”, acrescenta o dirigente, lembrando que a situação se “agudizou ainda mais com a última informação do Tribunal Constitucional”.

“Todos estes elementos e passivos que temos relativamente a estas situações têm estado na origem de algum clima de tensão social”, considera Sebastião.

Antecedentes eleitorais

Já o secretário nacional para informação e Marketing da CASA-CE, João Nazaré, diz que os pronunciamentos do general Furtado têm antecedentes: “Sempre que estamos em véspera de eleições gerais, algumas vozes próximas ao partido no poder fazem discursos que põem em causa a estabilidade do país com o propósito de lançar toda e qualquer responsabilidade à oposição”.

João Nazaré assegura que a sua coligação [a Frente Patriótica Unida] é a favor das eleições no próximo ano e lança o apelo aos cidadãos para atualizarem o registo eleitoral.

A UNITA, através do deputado e secretário provincial em Luanda Nelito Ekuikui, responsabiliza o MPLA pelo suposto plano de clima de terror no país, com a finalidade de incriminar a oposição e justificar o insucesso na governação.

“Tem sido vontade do partido onde o general milita [o MPLA], levar os angolanos efetivamente à instabilidade. Os partidos políticos na oposição rejeitam esta agenda com bastante sabedoria. Temos conhecimento de determinadas medidas que têm sido tomadas no sentido de levar o povo a revoltar-se e depois tentar-se justificar o que não se fez com uma suposta agenda dos partidos políticos na oposição, que, na verdade, é uma agenda do partido onde o general faz efetivamente parte”, acusa Ekuikui.

 

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