Na província angolana de Cabinda, uma greve dos taxistas está a ter um grande impacto, com enchentes nas paragens. Os taxistas acusam a polícia de extorsão no trânsito. O fim da greve não tem data marcada.
Os taxistas da província angolana de Cabinda iniciaram esta quarta feira (01.12) uma paralisação em protesto contra o que consideram ser uma prática de extorsão de dinheiro de que têm sido vítimas por parte dos agentes reguladores de trânsito nas operações recorrentes contra os taxistas.
Em entrevista à DW África, alguns automobilistas dizem estar agastados com o comportamento da polícia. “Os agentes alegam que a pressão é do depósito adulterado e o mau estado técnico de algumas viaturas, mas em contrapartida no terreno, quando você é interpelado, o único comportamento deste é levar o carro até a um parque”, contou um automobilista que pediu anonimato por recear retaliação.
João Lopes, outro automobilista insatisfeito, relata o transtorno que lhe causou a apreensão da sua viatura há quase três semanas. “Eu dependo do meu veículo e ele anda apreendido há três semanas. Estou a enfrentar dificuldades em casa porque o carro está no parque. Quando fui lá, mandaram-me aguardar. Infelizmente, há colegas que estão a pagar multas acima do exigido”, disse.
A direção da Associação dos Taxistas de Cabinda (ATC) demarcou-se da greve, pelo que foi fortemente criticada pelos taxistas. “Temos o conhecimento, mas só que a greve não é legal. Somente a direção da Associação dos Taxistas de Cabinda deve decretar a greve porque ela tem em posse o caderno reivindicativo”, afirmou o secretário-geral da ATC, Fernando Mabanza.
Polícia reage
O porta-voz do Comando Provincial de Cabinda, Adão Mayimbe, diz que há exagero na reação dos taxistas. As operações levadas a cabo atualmente são abrangentes e fazem parte do plano de operações.
“Nós, o comando provincial da Polícia Nacional, viemos tornar público e situar os automobilistas que as operações de trânsito têm várias vertentes. E que em momento algum somente se apreendeu os meios que fazem táxi, mas sim os meios num contexto geral que violam o Código de Estrada. Vários dos táxis foram apreendidos por mau estado técnico”, justificou.
Durante a manhã nas ruas, aglomeraram-se cidadãos nas paragens de táxi numa cidade que não possui serviços de transportes públicos adequados. O cidadão Liberal Lima lamenta o sucedido por entender que muitos alunos e trabalhadores ficaram prejudicados neste primeiro dia de greve dos taxistas.
“É triste ver miúdos que vão à escola nesse tempo de provas sem táxi. Por exemplo, eu tenho meu filho que estuda no Cabassango e eu pergunto: Como é que ele vai sair dos coqueiros até ao Cabassango?”, lamentou.