O antigo primeiro-ministro de Angola, Marcolino Moco, apelou à compreensão àqueles que pensam que se continua a deslindar o seu pensamento nesta página, pode acontecer-lhe o pior ou no mínimo ver seu nome estatelado na lama, por artes e ofícios que estejam já a ser ensaiados e ao que não faltam exemplos passados e ou em decurso.
Segundo Marcolino Moco, terá sido Einstein, pastor King ou os dois, cada um à sua maneira, que terão dito que o maior culpado será, não o que comete a injustiça mas o que a vê e finge que está tudo bem.
Pela paz é possível dizer alguma coisa? Acho que sim.
“Com a idade que tenho, com as experiências arrecadadas e reflexões feitas, eu sinto esta mensagem muito forte a martelar-me a consciência. Por isso, desço novamente a muralha de silêncio que pretendem impor a esta página, para falar de Paz e só Paz mesmo, neste dia de Paz para Angola”, referiu.
O meu problema, disse ainda Moco, talvez, é que apesar de formado numa área em que muito se preza o formalismo, por vezes demasiado balofo, sou bastante pragmático.
Para o antigo primeiro-ministro, a Paz, a Justiça, a Constituição e Progresso não se medem por palavras escritas ou faladas mas pelas atitudes dos homens, especialmente aqueles que detêm o poder de transformar as coisas a favor da sociedade.
Por exemplo, prosseguindo, tenho-me estado a perguntar, pelo que me toca, pessoalmente, se vivo num país de paz, quando para manter a paz daqueles que me prezam, tenho de me calar perante as atitudes que acho menos correctas, corroborado por muitos silenciados ou nem por isso? Não, isto não é Paz.
“É Paz que só viva em Paz quem aplaude todas as atitudes e critérios do Presidente da República, ser humano sujeito, como qualquer um de nós, a equívocos, emoções e desacertos? Não, isso não é Paz”, conforme Moco.
Na última sexta-feira, 02 de Abril, por exemplo, o Presidente da República, recebeu determinadas entidades para o almoço de saudação à Paz, sob um ou vários critérios muito discutíveis.
De acordo com Marcolino Moco, aos que compareceram, foram colocadas questões que para serem ouvidas foi preciso um dia de trabalho na nossa TV oficial; para que todos os extratos seleccionados fossem favoráveis ao Senhor Presidente da República, João Lourenço.
Até aí, considerou que isso não periga a Paz, mas que é um dos sintomas muito preocupantes da “fechadura” do que tem chamado de “sistema” e que não ajudará a consolidação da Paz.
Relativamente à transparência, algo com que o novo Presidente pareceu abrir a chamada “nova era”, na opinião de Marcolino Moco, tem de prevalecer para que a Paz prevaleça. “Claro que não estou a falar de Paz = só o calar das armas”.
“Não vou falar de mais nada, não vá eu suscitar mais choros e ranger de dentes. Mesmo correndo o risco que me apodem de “frustrado” por não ter sido convidado para o tão badalado e apetitoso repasto”, disse sorrindo.