Já lá vai algum tempo que o tecido social e económico da província do Huambo anda à deriva. A conjuntura económica que o país atravessa veio destapar velhos problemas sociais, como reflexo de uma (des)governação que nada orgulha os filhos da terra de Wuambo Kalunga, Ekuikui e demais cidadãos conhecidos e anónimos, que esta parcela do território nacional viu nascer.
Por estas paragens, as políticas públicas não reflectem na vida do cidadão, muito menos na imagem da cidade. Quem visita hoje à Cidade Planaltica do Huambo poderá ficar com uma boa impressão do “verde” dos jardins. Mas o rosto que as zonas verdes apresentam é graças à chuva que caiu com regularidade nesta região.
Uma vasta e gigante comitiva de membros do Executivo angolano, integrada pela Ministra de Estado para Área Social, o ministro do MAT, bem como de administração do território Secretários de Estado para Acção Social, Saúde, Cultura, Educação, Agricultura e Comércio, passaram a pente fino os problemas e constrangimentos da Província Planaltica, há muito conhecidos e muitas vezes não resolvidos por falta de vontade política.
Caracterizada pela fertilidade dos solos e um clima afável, à Província “gerida” por Lotti Nolika recebeu, nesta quarta-feira (02.Dez), uma “chuva torrencial” de projectos sociais eleitoralistas, num clara demonstração de folclore político e de mais um indicador de falta de definição de prioridades.
Ao fazermos um “raio X” ao OGE 2021 para a província do Huambo identificamos que as previsões de despesas são de 127 mil milhões, 987 milhões, 383 Kwanzas, ao passo que as perspetivas de receitas rondam em 860 milhões, 693 mil 82 kwanzas, sendo que 90% receitas fiscais.
Entretanto, entre os projectos de investimentos públicos, o destaque recai para a reabilitação do Hospital Militar Regional do Huambo; a conclusão do Instituto Superior do Exército do Huambo; construção de serviços integrados do Ministério do Interior, nos municípios do Huambo e Bailundo; construção de complexos e residências administrativas nos municípios do Londuimbali e Longonjo; conclusão da requalificação do reino do Bailundo; projectos (10) de obras públicas e ordenamento do território; Projectos de energia e águas; conclusão do centro de jornalismo; Três (03) acções da saúde com encargos de funcionamento do Laboratório de Biologia Molecular da Província, a construção do novo Hospital Pediátrico e municipal do Bailundo.
Diz o velho adágio, na língua umbundu: “Ombwa ayambata akepa avali” (o cão nunca leva dois ossos). Fazendo analogia ao adágio da tradição oral, tudo indica que o Governo local ainda não interiorizou a diferença entre o importante e o necessário, numa altura em que se regista escassez orçamental.
Quem tem Poder de decisão, ao invés de apresentar novos projectos, deveria atender o clamor da sociedade civil, que passam pela conclusão das diversas obras de vários projectos sociais públicos, tais como: Centro Cultural (parada há nove anos, já fez parte de dois orçamentos); Jardim da Cultura(cartão postal da Cidade); Estufa Fria e Casas (duas) Ecológicas do Huambo (duas), a Ponte do Mercado da Alemanha; a asfaltagem dos bairros da Juventude, Santo António e Santeira, só para citar estas.
Aliás, o Governo Local afirma que na província 80 projectos estão paralisados, dos quais 47 são de âmbito provincial, sendo que nenhum dele foi projectado para o ano 2021, tendo solicitado à intervenção da ministra para que cinco projectos possam ser inscritos no OGE 2021.
Claramente estamos diante de uma governação que insiste em inverter a pirâmide, focando-se apenas em acções eleitoralistas e deixando claro que as preocupações da sociedade civil manifestadas nos encontros de concertação e auscultação social não passam de meras formalidades.